A cantora japonesa Mako exibe em show sua paixão pelo samba e pelo Brasil
RIO - Quando a terra tremeu em Kobe, devastando a cidade japonesa em 1995, Masako Tanaka já era uma cantora apaixonada pelo Brasil. Havia cantado em um grupo de bossa nova sem saber o que era Corcovado, banquinho ou violão, até ver numa loja um disco de Clara Nunes apresentada como “a rainha do samba”. Mas foi o tremor do dia 17 de janeiro daquele ano que realmente sacudiu a vida de Mako, como a cantora ficou conhecida. Hoje, às 19h, e amanhã, às 18h, no Teatro Café Pequeno, ela vai lembrar essa e outras histórias de sua relação com o Brasil, onde se formou em percussão no Monobloco e em aulas com Robertinho Silva, lançou um CD e virou integrante do bloco Exalta Rei e do grupo Mulheres de Chico.
— Ao perceber que eu poderia ter sido soterrada, decidi que correria atrás dos meus sonhos, tinha que aproveitar a vida. Quando acontece uma tragédia dessas na sua cidade, no seu país, todo mundo perde — lembra Mako. — E como eu poderia continuar cantando “A voz do morro” sem saber o que era um morro?Mako já havia cantado jazz, fado, todo tipo de música. A bossa nova surgiu em um teste com uma banda e a atraiu por causa do balanço, do sincopado. Foi o ponto de partida para ela se aprofundar na música brasileira:
— Quando ouvi a voz de Clara Nunes, comecei a chorar. Então montei um grupo chamado Telecoteco e comecei a pesquisar.
O terremoto foi o epicentro da mudança, mas só cinco anos depois ela chegou ao Rio. E, mesmo assim, a primeira estada não valeu.
— Vim para a casa da mãe de uma brasileira que conheci em Kobe. Achei o máximo ficar na casa de um carioca, mas ela morava em Ramos. Viajei pelo Brasil porque uma companhia de aviação estava com uma grande promoção. Então fui a Manaus, Recife, Fortaleza, Belém... Fiquei um pouco deprimida por estar no Rio num lugar distante.
Quando ouvi a voz de Clara Nunes, comecei a chorar. Então montei um grupo chamado Telecoteco e comecei a pesquisar.
— Nunca pensei em cantar no Rio. Não sou carioca da gema — brinca, em carioquês.
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