Sabiá...Até um dia!

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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Memorial Clara Nunes quase pronto


Sonho embalado há vários anos por Maria Gonçalves (dona Mariquita), irmã da Guerreira da MPB, pelo prefeito, Romário Vicente, e por um sem-número de amantes da cultura, o Memorial Clara Nunes começa a ganhar contornos de realidade em Caetanópolis (MG), graças a uma emenda parlamentar do deputado Ademir Lucas e ao empenho do secretário de Estado de Governo, Danilo de Castro, na liberação dos recursos necessários.


Os serviços de construção do Memorial já estão em fase final. “Clara Nunes faria 70 anos em 2012. A inauguração do Memorial será mais uma homenagem, dentre outras que serão prestadas à grande cantora, a exemplo do desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, cujo enredo para o ano vindouro, dedicado a ela, recebeu o nome de ‘A Tal Mineira”’, comentou o prefeito, quando fazia visita de inspeção ao canteiro de obras, na manhã de 17 de junho, quinta-feira, acompanhado da assessora de Gabinete, Adriane Pereira da Rocha Guerra.


O Memorial Clara Nunes fica na Rua Fernando Lima, no centro da cidade, em espaço doado por Suede Gonçalves, sobrinho de Clara. Trata-se de edifício com instalações modernas e amplas, com toda a infraestrutura adequada à exposição e à conservação do acervo da cantora.

As relíquias que compõem o acervo estão sendo organizadas e catalogadas por especialistas da Universidade Federal de São João Del Rei.



http://www.caetanopolis.mg.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=102:memorial-clara-nunes-quase-pronto&catid=1:latest-news

Uma Sonora Manifestação Popular





No dia 26, tem apresentação da cantora Jéssica Giambarba, cantando repertório em homenagem a Clara Nunes, em especial, músicas de Paulo César Pinheiro que fazem menção à religiões afro-brasileiras. Três grupos apresentam esquetes teatrais na sexta-feira. O Núcleo de Pesquisa em Palhaçaria (NuPPal), com "Meu e Seu"; Grupo Colcha de Retalho, apresentando "Pastel Estragado"; e a Cia. Verdade Cênica, com "O Belo Paralelo. No fim de semana, são apresentados ainda o espetáculo infanto-juvenil "Próxima Parada: Brasil", das atrizes Larissa Montenegro e Samanta Sanford, no sábado; e "Sou Fria Sofria Sofia", no domingo, com a Cia. Fulô de Talvim, fechando as apresentações. Duas atividades de formação que fazem parte da I Vaia Para a Cultura estão previstas para fevereiro: o debate sobre "Standup Comedy" com o grupos Humorragia e Crise; e o workshop "Atores Cantantes", ministrado por Aldrey Rocha.

"O debate vai acontecer dia 3 de fevereiro, por conta da pauta do teatro", explica Aldrey. A ideia é discutir este formato de humor, bastante popular nos Estados Unidos, que começa a ganhar força no Estado. O workshop, explica, ainda não tem data marcada, mas deve ser realizado também em fevereiro.

Ode às africanidades de Clara

O tempero africano no canto de Clara Nunes é tema do espetáculo "Brasil Mestiço", que estreia nesta quarta-feira, às 19h, pela voz de Jéssica Giambarba, homenageando a cantora mineira que estaria completando 70 anos em 2012. O show faz parte da programação da I Vaia para Cultura e também será realizado no teatro do Sesc Emiliano Queiroz.

"O repertório foi elaborado de acordo com as influências das religiões afros, em especial, nas músicas do Paulo César Pinheiro", destaca Jéssica. Ela passeia ainda por outras fases da carreira de Clara, incluindo sambas-canções marcantes do início da carreira e ainda músicas de Chico Buarque e sambas-enredos. Jéssica será acompanhada por Rodrigo BZ (percussão), Vitor Santiago (violão) e Brenna Freire (cavaquinho).

Carioca radicada em Fortaleza, a interprete Jéssica Giambarba é pesquisadora da religiões afro-brasileiras e se dedica a explorar repertórios da música brasileira. Jéssica participou de projetos como "Saudades do Brasil" (2000), de Inês Lima, e do espetáculo "As Cumade" (2008), dedicado à musicalidade nordestina, produzido pelo cantor e compositor João Barbosa.

Trajetória

Nascida em 12 de agosto de 1942, a mineira Clara Nunes chegou a ser a cantora que mais vendeu disco no País, batendo a marca das 100 mil cópias. Seu primeiro LP foi lançado em 1966 e trazia uma seleção de boleros e sambas-canções, marcando a primeira fase de sua carreira, com uma seleção mais romântica. O samba propriamente dito acontece na vida de Clara a partir do segundo disco, "Você Passa e Eu Acho Graça", que era título também da música de Ataulfo Alves e Carlos Imperial que foi seu primeiro sucessos radiofônico.

Na década de 1970, ela se firmou como cantora de Samba e mergulhou na influência africana da cultura brasileira, absorvendo suas danças, ritmos e vestindo-se em alusão as religiões afro-brasileiras. Lançou discos como "Clara Clarice Clara" (1972) com as músicas "Morena do Mar", de Dorival Caymmi e "Tribulo aos Orixás", de Mauro Duarte, Noca e Rubem Tavares; e o disco "Claridade" (1975), maior sucesso de sua carreira, que trazia "O Mar Serenou", de Candeia e "Juízo Final", de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares.

Foi também em 1975 que Clara Nunes casou com o poeta e letrista Paulo César Pinheiro. A união refletiu-se em sua carreira, passando a gravar músicas de Paulo César e do sambista João Nogueira, seu parceiro. Nos anos seguintes, lançou "Canto das Três Raças", em 1976, "As Forças da Natureza", de 1977, "Guerreira" e "Esperança", ambos em 1978.

Ela morreu em abril de 1983, ainda no auge da carreira, após sofrer uma reação alérgica ao anestésico utilizado em uma cirurgia de varizes.

Mais informações

I Vaia Para a Cultura. Até 29 de janeiro (domingo), no teatro do Sesc Emiliano Queiroz (Av. Duque de Caxias, 1701). Sempre às 19h. Gratuito. Abertura com o musical "Companhia", do Grupo Às de Teatro. Workshop "Atores Cantantes", dia 3 de fevereiro. Programação no site: www.universidadedasartes.com.br

FÁBIO MARQUES
REPÓRTER

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1096721