Sabiá...Até um dia!

Sabiá...Até um dia!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

MARIENE DE CASTRO DEDICA GRAVAÇÃO DE UM SER DE LUZ À CLARA NUNES EM SEU NOVO CD "TABAROINHA"




Em “Tabaroinha”, segundo trabalho pela gravadora Universal,
Mariene de Castro reafirma a força indelével de seu canto.



Foi lançando mão do diminutivo feminino da expressão-adjetivo tabaréu que a cantora baiana Marilene de Castro construiu o conceito com que alinhavaria o seu novo trabalho, “Tabaroinha”. Não é preciso enveredar, no entanto, pelos caminhos da semântica a fim de desnudar o significado do vocábulo comumente usado nos interiores do Brasil para designar aquela menininha acanhada, matuta, caipira. Tabaroinha é o nome que batiza o terceiro álbum da artista, que começou a cantar aos 13 anos de idade e, desde muito pequenina, sambava na frente do espelho vestida de baiana, cheia de pulseiras.


Mariene de Castro é mesmo uma tabaroinha por natureza, mas seu canto, sua arte, embora preserve de forma muito íntima e indelével as referências culturais interioranas que acabariam por se converter em matrizes para a constituição de um trabalho singular, traduzem a maturidade de uma cantora absolutamente pronta para brilhar nos grandes centros urbanos do Brasil e do restante do mundo. Não à toa encantou a França, onde a crítica especializada a comparou com Edith Piaf pela arrebatadora força cênica que, por si só, ilumina qualquer palco. Não à toa abocanhou os Prêmios Braskem (2004) e TIM de Música (2005). Não à toa vem sendo apontada como a maior e mais importante revelação do samba no Brasil nas últimas duas décadas.

“Tabaroinha” chega para assinalar a importância de Mariene de Castro no atual cenário da música brasileira, revelando a sensibilidade e a coerência da cantora na escolha de um repertório que apresenta o Brasil tal qual o é: ora árido, ora fértil, ora doce e saudável, ora amargo e dolente, mas incondicionalmente feliz; um país que todos conhecemos, mas nem sempre reconhecemos; a terra do samba que dá e de Nosso senhor da Aquarela de Ary; da fé cega e também raciocinada que se encontram e se dissipam nos altares católicos e nos terreiros de candomblé; uma nação repleta de matizes geográficas, étnicas e socioculturais, apaixonante e surpreendente como Mariene. “Tabaroinha” cumpre justamente, de forma despretensiosa e delicada, a tarefa de nos conduzir a uma viagem prazerosa, poética, harmônica, pelas belezas sonoras do Brasil.

E é essa talentosa e verdadeira baiana, a grande guia desta trilha, que nos aponta o caminho com A pureza da flor, sucesso de Arlindo Cruz que, lindamente reeditado, ganha ares de um quente samba-de-roda, amparado por um coro de vozes femininas. Não há hiato para dúvidas: Mariene de Castro possui uma marca autoral na seleção e interpretação do repertório que seduz não somente pela incrível capacidade de preservar a memória de ícones e ritmos quase esquecidos do nosso cancioneiro como também pela explosão cênico-interpretativa com que os revela a uma nova geração com sede de cultura. Assim, Filha do mar, canção inédita da cantora e compositora pernambucana Flavia Wenceslau, que dá sequência ao trabalho, traduz-se em um dos mais belos registros do álbum, em que a imponência da batida do maracatu se alia à afabilidade da sanfona numa cordialidade que atrai pelo contraste e impressiona pela precisão.

A perspicácia em apresentar a pluralidade dos ritmos brasileiros, que fazem do país uma terra singular na cena internacional, é o grande trunfo desta tabaroinha baiana que privilegia os compositores que sempre fizeram parte de sua memória afetiva e cujas canções inspiraram-na ao ofício do canto. Os conterrâneos Dorival Caymmi (1914 – 2008), Nelson Rufino e Roque Ferreira, recorrentes na discografia da intérprete, novamente são reverenciados. Do primeiro, Mariene pinça uma relíquia imortalizada no universo infantil do Sítio do picapau amarelo: História pro sinhozinho, registrada por Maria Bethânia em Pirata (2006) e que na década de 1970, para a adaptação televisiva da obra de Monteiro Lobato, foi convertida em tema da personagem Tia Anatáscia. É a versão infantil, que altera no refrão o nome de ‘Sinhá Zefa’ para ‘Tia Anastácia’, no entanto, a selecionada pela cantora para homenagear Caymmi.

De Rufino, o samba Amuleto da sorte, que lhe foi dado de presente, já nasceu clássico e se qualifica para figurar no ranking das grandes criações do autor de hits imortalizados por um cast de intérpretes famosos que inclui nomes como Martinho da Vila, Nara Leão, Elza Soares, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Alcione. Roque Ferreira, por sua vez, é saudado em três faixas, o que revela a paixão da artista pela obra do aclamado compositor. Foguete, xote inédito com versos pontuados pela costumeira delicadeza de Roque, traduz com singeleza o romantismo, as paixões rasgadas do interior, e chega até a prestar devidas deferências ao poeta recifense João Cabral de Melo Neto, um momento de pura beleza neste álbum com a cara e a alma do Brasil. Roque se apresenta também em Orixá de frente, gravada por Roberta Sá em Quando o canto é reza (2010), trabalho que a cantora a ele dedicou, e no ijexá Ponto de Nanã, saudação à deusa dos mistérios, divindade de origem simultânea à criação do mundo, senhora de muitos búzios, que sintetiza a morte, a fecundidade e a riqueza.

A canção, inclusive, já tem videoclipe pronto, gravado na Reserva de Sapiranga, no Litoral Norte da Bahia, pelo cineasta norte-americano Kaya Verruno. Foi nessa mesma reserva, diga-se de passagem, em meio às forças da natureza, que “Tabaroinha” foi parido, quando por sugestão do produtor Alê Siqueira, um estúdio foi montado em plena mata para abrigar por duas semanas a cantora e os músicos que a acompanham neste segundo trabalho pela Universal. O primeiro, “Santo de casa ao vivo”, foi lançado ano passado pela gravadora juntamente com o DVD do espetáculo homônimo com que a cantora arrebatava o público no Espaço Cultural da Barroquinha, localizado na região central de Salvador.

Entre os muitos resgates a que se propõe realizar em “Tabaroinha” para atestar sua qualidade como intérprete, Mariene não esquece daqueles que ajudaram a construir a história da música brasileira. Bate-cabeça, portanto, com vontade para o nosso Oxalá do Baião, Luiz Gonzaga, celebrando o centenário de nascimento do mestre pernambucano com o registro de Estrada de Canindé. Sublime! Ela contempla ainda Martinho da Vila, repaginando o sucesso Roda ciranda, alçada ao top ten das rádios por Alcione em 1984 em decorrência da gravação (em dupla com Maria Bethânia) no disco Da cor do Brasil.

Neste passeio pelo relicário sonoro brasileiro, a cantora traz para a boca-de-cena a primeira canção gravada no país, em 1902: Isto é bom, lundu do compositor, cantor e ator soteropolitano Xisto Bahia (1841 – 1894), que reverbera em “Tabaroinha” como samba-amaxixado em nova leitura primorosa. Apaixonada que é pelo samba, Mariene reconhece a importância das grandes intérpretes femininas que impulsionaram o gênero no mercado fonográfico, como a saudosa Clara Nunes, a quem dedica a gravação de Um ser de luz, canção do trio Paulo César Pinheiro/João Nogueira/Mauro Duarte, feita para homenagear a cantora mineira, morta repentinamente em 1983 após um choque anafilático durante uma cirurgia de varizes.


Com sua poderosa voz, Mariene de Castro nos intima a acreditar em novos caminhos para a música no Brasil e nos leva à elaboração de um autorretrato verdadeiro diante das belezas e dos contrastes de um país que tem cheiro e sabor de terra molhada, em que todos somos eternos tabaréus. Ainda bem!


http://www.agitototal.com/2012/04/mariene-de-castro-lanca-seu-novo-cd-de.html



FESTA DO TRABALHADOR DESTACARÁ SAMBA E CARNAVAL



SANDRA PORTELLA CANTA SUCESSOS DE CLARA NUNES


Os dois mundos tão próximos e tão distantes ao mesmo tempo do Samba e do Carnaval serão destaque na festa do trabalhador promovida pela Prefeitura de Sapucaia no próximo fim de semana prolongado.

No domingo (29/04) o Grupo Samba Kent, e na segunda-feira (30/04), véspera de feriado, a mineira Sandra Portella, estarão se apresentando gratuitamente na Praça da Miguel Couto (Árvore Grande) a partir das 21 horas.

Filha da compositora Lecy do Samba e de Valdir Delgado, compositor da Imperatriz Leopoldinense nos anos 50, Sandra Portella cantará sucessos de Clara Nunes, Alcione, Elza Soares, Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho mostrando toda sua ginga e energia.



TRIBUTO A CLARA NUNES NO SAMBA IN SETE COM SIMONE COSTA




Simone Costa, a flor morena do samba de raiz, estará no palco do projeto Samba in Sete no próximo dia 05. A cantora e compositora é neta de Justiniano Soares da Costa, o primeiro clarinetista da Marinha do Brasil, convivendo na musica desde a infância. Simone Costa aprimorou seu talento nos principais redutos de samba autentico como: Cacique de Ramos, Clube do Cozido, Renascença Clube e Samba do Trabalhador ao lado de Moacyr Luz, entre muitos outros. Participou do Tributo à Candeia na GRES Portela, sendo atração do evento juntamente com “Reinaldo, o Príncipe do Pagode” no Samba, Choro e Cozido.

Serviço:
Tributo a Clara Nunes no Samba in Sete
Data: 05/05/2012
Local: Terraço Social Ramos Clube
End. Rua Aureliano Lessa, 97 – Ramos

Encontro de gigantes: Clementina de Jesus e Clara Nunes, há 35 anos


Por Daniel Setti
Elas tinham vozes diametralmente opostas. Clementina de Jesus (1901-1987), com seu potente e grave gogó de trovão, parecia uma prima perdida de Nina Simone que nascera por acaso em Valença, no estado do Rio de Janeiro; não menos inconfundível, o timbre da mineira de Caetanópolis Clara Nunes (1942-1983) emanava uma doçura mais, digamos, comercial.
Mesmo assim, as duas divas combinavam quase à perfeição. Tanto é que colaboraram em mais de uma ocasião. A primeira de destaque foi em gravação da deliciosa “PCJ (Partido Clementina de Jesus)”, composição-tributo de autoria do lendário sambista Antônio Candeia (1935-1978) interpretada por ambas no disco Forças da Natureza, lançado por Clara em 1977.
Embora seja coroada pelo despretensioso e irresistível refrão “não vadeia (sic) Clementina”, a letra da música se envereda curiosamente pela ecologia, em versos como “cadê o cantar dos passarinhos?/ar puro não encontro mais não”.
Dois anos depois, seria a vez de Clementina convidar a amiga para participar de seu álbum de duetos intitulado simplesmente Clementinana faixa “Embala Eu”, de Albaleria. Entre os outros ilustres que dividiram o microfone com ela na ocasião estiveram João Bosco e Martinho da Vila.
Abaixo, clipe (tipicamente vagabundo, como a maioria do período) produzido pela Globo em 1977 para “PCJ (Partido Clementina de Jesus)”. Não percam o detalhe nonsense aos 35 segundos, quando aparece um suposto figurante consertando o motor de um Fusca.



MAIS UMA HOMENAGEM AOS 70 ANOS DE CLARA NUNES


Dessa vez a publicação na Revista Espirita de Umbanda de abril de 2012






Eparrei Oyá!!