Sabiá...Até um dia!

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sábado, 27 de agosto de 2011

TEATRO CLARA NUNES EM BH É FECHADO



Carente de espaços adequados às artes cênicas, BH perde com teatros fechados no Centro

Fechado ao público desde 2009 para que fosse adaptado às regras de acessibilidade, por determinação do Ministério Público, o Teatro Clara Nunes, de propriedade da Imprensa Oficial de Minas Gerais, ainda não tem data para ser reaberto. “Neste momento, o projeto arquitetônico que integra a restauração de toda a fachada do prédio da Imprensa Oficial (na Av. Augusto de Lima, entre as ruas Espírito Santo e Rio de Janeiro) está em fase de análise para aprovação da obra pela Secretaria Municipal de Regulação Urbana”, justifica a assessoria do órgão.
A inauguração recente, na mesma Rua Rio de Janeiro, do Teatro Sesc Palladium, traz à tona o fechamento de vários teatros de porte médio no Centro de Belo Horizonte. Além do Clara Nunes, estão com atividades paralisadas os teatros Francisco Nunes – também administrado pelo poder público –, Casanova (Avenida Afonso Pena, 1.500/18º andar) e da Praça (Praça Afonso Arinos, 19), os dois últimos pertencentes à iniciativa privada. Acrescente-se, ainda, o Centro de Cultura Belo Horizonte que apesar de não ser um teatro propriamente dito também abrigou espetáculos cênicos. Segundo a assessoria da Imprensa Oficial, tão logo seja aprovado, o projeto de acesso ao Clara Nunes será licitado para execução das obras.
SEM PORTA  O fechamento do Clara Nunes chama atenção até mesmo porque ocorreu literalmente, já que a própria entrada foi lacrada com tijolos, rebocada e pintada. Somada a capacidade de todos os teatro fechados na Região Central, chega-se a cerca de 1.800 lugares, sem utilização. Presidente do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas (Sinparc-MG), Rômulo Duque diz lamentar essa situação. “No momento em que a cidade é contemplada com grandes espaços (Sesc Palladium, Cine-Teatro VM, Circuito Cultural da Praça da Liberdade e a anunciada Estação Cultural Itamar Franco), não se entende como esses teatros estão há tanto tempo fechados. É um enorme prejuízo para a produção cênica profissional da cidade”, afirma Rômulo Duque. Segundo ele, o que tem resolvido parcialmente o problema são os teatros-auditórios de escolas particulares. Convidado pela Imprensa Oficial e Secretaria de Estado da Cultura para administrar o Teatro Clara Nunes – diante da recusa da Fundação Clóvis Salgado, sob a alegação de prejuízo –, o Sinparc assinou convênio com os órgão em 2 de junho de 2009, renovado mesmo depois da intervenção do Ministério Público, que suspendeu as atividades do teatro para que ele se adeque às leis de proteção ao deficiente físico e ao idoso. Burocracia estatal, embargo do Ministério Público e carência de recursos públicos são apontados por Rômulo Duque como os responsáveis pelo abandono do Teatro Clara Nunes, enquanto o Francisco Nunes, já em obras, estaria aguardando apenas o patrocinador para a conclusão do trabalho. Procurados pela reportagem, os proprietários dos teatros da Praça e Casanova preferiram não se manifestar. “Não tenho interesse em falar do assunto”, resumiu o empresário Beny Cohen, proprietário do Teatro da Praça. Já a GGC Empreendimentos, proprietária do Teatro Casanova, diz estar fazendo uma reforma no espaço, que não teria mais condições técnicas de abrigar um teatro.
“Todos estes teatros – principalmente o Francisco Nunes, o Clara Nunes e da Praça – fazem muita falta para a cidade, porque hoje são poucos os que têm equipamentos técnicos para funcionar como teatro”, ressalta Cássio Pinheiro, presidente do Fórum dos Dirigentes das Casas de Espetáculos, que reúne 42 casas do gênero, 25 delas instaladas na capital mineira. Segundo Cássio, na sua maioria os teatros de pequeno e médio portes de BH são auditórios adaptados.