Sabiá...Até um dia!

Sabiá...Até um dia!

domingo, 28 de abril de 2013

A Lenda de um Sabiá



"Diz a lenda que, um certo dia,nasceu um Sabiá,com o canto mais doce e forte que poderia existir na terra.Tinha um "coração leviano"mas,ao mesmo tempo,esse "coração valente" saltava "à flor da pele".Um dia,na "alvorada",a "Deusa dos Orixás"disfarçada de moça loura "senhora das candeias"se aproximou dele,dizendo:irás ser o representante da alma feminina e cantarás com tua voz magnífca,"o canto das três raças"quebrando,assim,os preconceitos de cor da pele em nossas terras.
Então o Sabiá cantou e cantou,ao "abrigo de vagabundos".Cantou para a "morena de angola"com o chocalho na canela.Cantou para "Iracema"antes de ser atropelada.Cantou "coisas da antiga"e "conto de areia"que marejou os olhos morenos do "palhaço"que jamais deveria chorar...
Mas,um dia,Oxalufã sentiu falta de seu passarinho preferido,pois o tinha dado à terra por um tempo.Então,senhor das "forças da natureza"que não podem esperar,fez o pássaro adormecer por 28 dias,entre o Céu e a Terra.
Por fim,o levou para junto de si, pois ,algo tão sublime, não poderia desaparecer!" 

sábado, 20 de abril de 2013

SALVE,JORGE!




Eu sou descendente Zulú

Sou um soldado de Ogum
devoto dessa imensa legião de Jorge
Eu sincretizado na fé
Sou carregado de axé
E protegido por um cavaleiro nobre

Se vou nà igreja festejar meu protetor
E agradecer por eu ser mais um vencedor
Nas lutas nas batalhas
Se vou no terreiro pra bater o meu tambor
Bato cabeça firmo ponto sim senhor
Eu canto pra Ogum

Ogum
Um guerreiro valente que cuida da gente que sofre demais

Ogum
Ele vem de Aruanda ele vence demanda de gente que faz

Ogum
Cavaleiro do céu escudeiro fiel mensageiro da paz

Ogum
Ele nunca balança ele pega na lança ele mata o dragão

Ogum
É quem da confiança pra uma criança virar um leão

Ogum
É um mar de esperança que traz a bonança pro meu coração
Ogum

(Jorge Ben Jor)



sexta-feira, 19 de abril de 2013

30 anos sem Clara Nunes


ilustração Kelvin Koubik "Kino"*

“Quando eu vim de Minas, trouxe ouro em pó”. Os versos do samba de Xangô da Mangueira, gravados por Clara Nunes em 1973, traduziam em poucas palavras sua trajetória artística. A “mineira guerreira” saiu da pequena cidade de Caetanópolis, no interior de Minas Gerais, para levar a todo o Brasil a imensa beleza contida em composições de artistas populares. Para milhões de brasileiros, trouxe “ouro em pó” em forma de música.

A vida e obra da cantora, nascida Clara Francisca Gonçalves em 12 de agosto de 1942, é um capítulo à parte na história da música popular brasileira. Superando dramas, obtendo vitórias, quebrando paradigmas e registrando para a posteridade belas melodias, Clara encantou, foi amada, idolatrada por multidões. Intensa, conheceu o sucesso em sua forma mais avassaladora. Fugaz, morreu de forma trágica, no auge, aos 40 anos de idade.

Sua biografia se fez amparada em várias escolhas acertadas, que a conduziram ao sucesso.Seria Clara Nunes um grande nome da música brasileira se tivesse interpretado somente boleros e músicas românticas, base do repertório do início de sua carreira? Conheceria os meandros do samba tão bem, e se consagraria como uma das maiores intérpretes do gênero, se não fosse conduzida pelas mãos do produtor Adelzon Alves?Sem Paulo César Pinheiro ao seu lado, teria ela diversificado o repertório, consagrando-se definitivamente como uma das maiores intérpretes da música brasileira? Seria tão adorada pelas gerações posteriores se não tivesse escolhido tão bem os compositores e registrado suas obras com tanto esmero? São questões que destrincham o que foi Clara Nunes e nos mostram porque, 30 anos após sua morte, seu nome permanece tão vivo.


http://www.notaderodape.com.br/2013/04/30-anos-sem-clara-nunes.html

USP ESPECIAIS programa que resgata a trajetória dos grandes nomes da música, nacional e internacional.





http://www.radio.usp.br//programa.php?id=74&edicao=130413

ARQUIVO N PELA GLOBO NEWS ESPECIAL CLARA NUNES 24/04/2013



Às 23:00hs pela Globo News.


Há 30 anos, morreu Clara Nunes, umas das maiores artistas brasileiras e a primeira do país a vender 100 mil cópias de um LP. O Arquivo N de quarta-feira (24) presta uma homenagem à cantora. O telespectador vai conhecer toda a trajetória da artista que, através de sua música, levou o Brasil, em plena década de 1970, a lugares bem distantes como a África e o Japão.

Clara começou a trabalhar como tecelã e acabou se tornando um dos nomes de maior destaque da música brasileira. Sua imagem virou símbolo de sincretismo religioso e levou a umbanda e o candomblé para a MPB. No programa, sua história é contada por ela mesma através de entrevistas que concedeu à Globo ao longo da carreira. Em seus depoimentos, fala dos mais variados temas como religião, superstições, a infância pobre em Paraopeba, cidade de Minas Gerais, e seu amor pelo compositor Paulo Cesar Pinheiro.
O programa resgata ainda imagens de uma reportagem do Fantástico em que Clara volta à sua cidade natal para uma visita, imagens do início da carreira, de sua primeira canção de grande sucesso , ‘Você passa eu acho graça’, e de sua participação especial no filme ‘Na onda do Iê, Iê, Iê’, em 1966.
O Arquivo N em homenagem a Clara Nunes vai ao ar na quarta-feira (24), às 23h, na Globo News.

Volta, Clara... Teatro Clara Nunes, importante centro de produção artística de Belo Horizonte, vai retomar suas atividades ainda este ano, com a parceria do governo de Minas com o Sesc-MG




O ano é 1966. Em plena ditadura militar, entra em cartaz no Cine Teatro Imprensa Oficial, em Belo Horizonte, a peça infantil Liderato, O Rato que Era Líder, escrita por André Carvalho e Gilberto Mansur. A peça conta a história de um país diferente, povoado por ratos, e, por meio de várias situações políticas, leva o público a entender o sentido do voto. Não deu outra: apesar do delírio que causava na plateia, durante o ano em que ficou em cartaz foi censurada pelos militares, por meio do temido Ato Institucional nº 5 (AI5). “Era um texto bem crítico e a censura logo proibiu”, lembra Pedro Paulo Cava, ator, produtor teatral e diretor do espetáculo Liderato. Para ele, esse exemplo de resistência da classe artística contra as imposições políticas do turbulento período da ditadura no Brasil mostra a importância do teatro Imprensa Oficial, criado no início da década de 1960 e que passou a se chamar Clara Nunes em 1993. Ele vai ser restaurado e reaberto ao público ainda este ano – está fechado desde 2009 –, segundo anúncio do governador Antonio Anastasia feito em fevereiro.


A expectativa em torno do novo teatro Clara Nunes é ainda maior, porque sua reforma e administração ficará a cargo do Serviço Social do Comércio de Minas Gerais (Sesc-MG). “Essa oportunidade permitirá que a rua Rio de Janeiro se transforme num corredor de teatros, acoplando o Clara Nunes, que é uma casa de porte intermediário, ao Sesc Palladium, que é grande, um dos maiores de BH”, explica Eugênio Ferraz, diretor-geral da Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais. Como o contrato ainda não havia sido assinado, até o fechamento desta edição não se tinha o projeto arquitetônico, com informações de como ficará o espaço, que antigamente recebia até 400 pessoas e chegou a abrigar festivais de cinema, nos anos 1960 e 70.

terça-feira, 2 de abril de 2013


Com emoção agradeço à MARIENE DE CASTRO pelo grande carinho!
Sucesso sempre,minha amiga!

30 anos Sem CLARA NUNES!


Há 30 anos atrás, num dia 2 de abril de 1983, nós brasileiros, perdíamos a maior expressão da nossa música popular brasileira: Clara Nunes.
Estava na casa de minha tia, quando uma de minhas primas a Maninha, chegou e me disse: morreu Clara Nunes! Aquela dor, era uma dor idêntica a dor sentida por um ente-querido, um consangüíneo nosso, que parte assim, sem dizer adeus!
A matriz africana, vivenciada e explicitada de forma nobre por Clara Nunes , foi sem sombra o maior afago à cosmovisão africana no Brasil, que já tivemos no cenário musical . Clara Nunes mostrou ao mundo o quanto é bonito ser negro. O quanto o sangue negro misturou-se ao mosaico cultural e deixou o Brasil um povo que sobrevive as adversidades cantando, mesmo que seja de dor! Mestiça, Clara ficou a vontade com seus cabelos crespos, suas roupas de religião, seus colares de contas e seus pés nus e muito bronzeamento para sua cor morena se tornar negra.
Esse resgate de identidade negra, somou-se a uma voz perfeita na entonação de cultura afro-brasileira, com expressões e mapeamentos musicais de resgate desta identidade, e foram despencando no cenário musical brasileiro jongos, maracatus, frevos, congadas, sambas de enredo, samba canção, toadas, toques de candomblé, folclore e muita fé no que fazia. Isso fez a auto-estima do povo negro, discriminado na sua cultura, subir e eleger Clara Nunes a nossa maior cantora, isso no Brasil negro, que a consagrou nas vendagens de discos. Clara se tornou um fenômeno, o mesmo povo que ela acarinhava com suas canções, era quem fazia dela uma rainha. O outro Brasil não negro,racista, discriminador, abastado, das elites, é óbvio escolhera outra cantora para representá-lo, mas teve que render-se ao talento da cantora caipira, vinda do interior e que em plena ditadura militar entoava cantos de louvor e hinos de luta como Canto das três raças.
O congraçamento das etnias brasileiras, e o sonho de equidade social, se manifestavam na cantora, quando sem esquecer suas origens, ia em busca dos compositores populares e se a música não arrepiasse, e não tocasse primeiro seu coração, ela não gravava. Seguia os referenciais do povo entre morros, terreiros,Continente Africano e o mundo afora, na busca do popular sem ser popularesca. 
Furava o bloqueio masculino e tornou-se um fenômeno de vendas. Vendia milhões de discos. No país do carnaval, nunca Clara teve em vida um especial na maior TV brasileira. Levou essa mágoa para a eternidade. Essa invisibilidade da representante autêntica do povo brasileiro, só foi sacudida pela morte prematura da artista. E dai? Daí que depois que Clara morreu, mais uma vez o mundo do poder, não negro, voltou-se para lágrima e dor do povo brasileiro, mais como manchete da confusão do enterro que reuniu mais de 50.000 pessoas no Rio de Janeiro, do que verdadeiro respeito pela artista,pela mulher de fibra, determinada,que nunca traiu seus princípios do cantar como missão, em forma de oração, lenitivo necessário para revelar a face de um povo, sua leveza, de rara beleza, e fé na sua grandeza.Não era atoa, o apelido de Sabia, quantas vezes observamos esse pássaro a cantar, com sol ou chuva lá está ele. Clara realmente, pássaro cantante. 
Texto de Baba Xandeco - SC





Se alguém falasse pra Clara Nunes que 30 anos depois de sua morte, ela seria homenageada e lembrada com amor e devoção, certamente ela sorrisse e passasse a deferência pra Elis Reginaou Eliseth Cardoso. Era assim, a personificação da simplicidade e sem vaidade. Hoje considerada uma Orixá e amada por mais pessoas de quando era viva, estaria no trono de defensora da verdadeira cultura popular, aquela nascida nos morros, favelas,cidades do interior, feita por gente simples e inteligente. Daria voz aos novos compositores e defenderia o samba com muita garra,paixão e emoção. Morta é um tapa na cara das sem talento, viva constrangeria as pré fabricadas. Talvez não lançasse mais suas músicas no Fantástico, mas lotaria teatros e ginásios em seus shows. Seu sorriso seria esperado no desfile da Portela como símbolo de devoção a causa azul e branca. Mas como diz o samba enredo Contos de Areia - " Na ginga do estandarte Portela derrama arte neste enredo sem igual, faz da vida poesia e mostra sua alegria em tempo de Carnaval", sua lembrança nos dá a certeza que um dia uma sabiá cantou pelo mundo e foi morar na constelação dos Orixás. Minha singela homenagem àquela que soube cantar como poucos e nunca desafinou nem fugiu ao desafio de provar que a verdadeira missão do artista é servir seu povo e sua arte. Dói sua ausência,mas é reconfortante saber que não está dividindo espaço com quem não tem talento. Clara mesmo depois de morta canta melhor que muita gente viva.


Texto de HEITOR SILVA - São João Del Rei