Sabiá...Até um dia!

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

O samba bateu outra vez

Lapa Multshow (BH) recebeu Velha Guarda da Portela e Zé da Guiomar
 30/04/11 14:08




Se em 2009, Moacyr Luz lançava o Samba Bate Outra Vez, em 2011, a Velha Guarda da Portela sela a parceria do projeto com o programa Conexão Vivo, dando continuidade à série de shows que acontecem nesse terceiro ano de história e de samba.

Para o produtor do projeto, Guilardo Veloso, não era dia de trabalho, mas de muita festa. Estava concretizado o antigo desejo de trazer para os palcos de Belo Horizonte toda a tradição de uma guarda de samba, com uma produção complexa, envolvendo um grupo de 17 pessoas e todos os cuidados que os senhores do samba merecem.  “Só quero ver o Monarco fazer música de verdade para essa galera”, revela Guilardo. Ele ainda conta que, graças à parceria estabelecida também com a Rádio Inconfidência, o Samba Bate Outra Vez consegue trazer para cidade os melhores do samba do país, desde mestres como o estreante Moacyr a grupos como o Casuarina, que vem ganhando projeção nacional.


E para abrir alas, o grupo prata da casa Zé da Guiomar, quarteto famoso pelas performances nas casas noturnas de BH, aqueceu o público com repertório que passou por canções próprias a Tom Jobim, Cartola, Jorge Mautner, Nelson Jacobina. Em homenagem à próxima atração, dedicaram “Candeia” e encerraram o show não antes de lembrar que a cena do samba se fortalece é com encontros como o que estava sendo realizado naquela noite. 


E se enquanto a Velha Guarda esperava a hora para entrar, alguns integrantes tiravam aquele cochilo com direito àquelas “pescadas”, em cima do palco o que houve foi um esbanjo de vigor. Até mesmo quando aquela chata microfonia aparecia para atrapalhar o som, Monarco mandava o show continuar.

Formada por antigos integrantes da Escola de Samba Portela e fundada em 1923, com o passar do tempo, a formação da Velha Guarda é alterada. Como disse Monarco, as peças mais velhas vão sendo substituídas por outras um pouco menos gastas, sempre levando em conta a história e o passado de cada um que faz parte desse grupo. Mas como bem dito nos palcos, “Estamos velhos, ma ainda não morremos”, exalta o cantor de voz grave e certeira. 

Com muito garbo, trajados de branco e termo azul, os 10 integrantes se apresentam. Era como se fosse um desfile de história. “Hoje o samba virou patrimônio, a polícia que perseguia sambista, hoje abre caminho pra gente passar. E é por isso que a gente anda alinhado assim, com elegância, para civilizar o samba”, explica Monarco. 


No setlist, canções escolhidas a dedo do vasto repertório dos clássicos do samba. “O mundo é assim”, “Isolado do Mundo”, “Você me abandonou”, “Quantas lágrimas”, “Foi um rio que passou” e mais 13 canções, incluindo “Quitandeiro”, previamente selecionada para entrar no roteiro de improviso. O que não faltou foram dedinhos levantados pelo público e exaltação no melhor do cancioneiro popular.

Nos camarins, Monarco falou dos novos tempos e da árdua tarefa de manter umrepertório vivo. “Até a gente teve que acompanhar a evolução. E foi graças a um conselho da Marisa Monte, que não é nossa madrinha porque madrinha a gente só tem uma. A nossa já morreu, mas continua sendo nossa madrinha [sobre Clara Nunes]. Mas Marisa nos acompanha e, carinhosamente, ela falou pra gente arrumar um empresário. E ele faz o que a gente não dá conta de fazer, mexe na internet, arruma shows pra gente tocar, lê nossos emails... e assim a gente segue fazendo nossa música com toda a honestidade, tentando manter vivo o trabalho de gente que já se foi”.

Do morro

A noite também teve intervenção do Cidade Hip Hop, projeto integrante da rede Conexão Vivo. A tela feita pelo grafiteiro Martokos, de São José da Lapa, irá compor a exposição  “o Hip Hop no ritmo da cidade”, que será lançada no dia 11 de maio no Centro Cultural UFMG.
Estão sendo realizadas uma série de cinco intervenções em espaços selecionados em Belo Horizonte. Segundo Romulo Silva, coordenador do projeto, a proposta da ação de ontem foi unir o grafitti e o samba, duas categorias que surgiram no morro e tomaram projeção na cidade.