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quarta-feira, 17 de julho de 2013

DEZ motivos para (ainda) ouvir Clara Nunes




Por Felipe Candido
No dia 02/04/1983, o Brasil ficou mais triste com a morte de uma de suas maiores cantoras. Clara Nunes partiu para “cantar para além do luar”, deixando centenas de fãs e uma obra que marcou para sempre seu nome na história do samba e da música popular brasileira.

Após 30 anos de sua morte, Clara ainda tem uma legião de admiradores, e o SaraivaConteúdo elaborou uma lista com dez motivos para você conhecer, ou ouvir Clara Nunes e entender sua importância.

1. COMPOSITORES E INTÉRPRETES

Os maiores compositores contemporâneos de Clara Nunes e também grandes nomes de gerações anteriores figuravam nas fichas técnicas dos seus discos. Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Paulo César Pinheiro, Chico Buarque, Dona Ivone Lara, João Nogueira, Cartola e Nelson Cavaquinho são alguns dos autores que tiveram suas canções na voz de Clara. Além disso, a cantora soube reviver, com características próprias, músicas que haviam sido gravadas por grandes intérpretes. Canções de Dalva de Oliveira, Carmem Miranda, Angela Maria e outros ganharam registros inesquecíveis de Clara.

2. MULHER NO SAMBA

O samba sempre foi um espaço masculino. Mesmo com a abertura das portas e a conquista de espaço por Dona Ivone Lara, anos antes do sucesso alcançado por Clara Nunes, os homens continuavam a dominar o ritmo. Clara foi uma das grandes mulheres de seu tempo a escrever seu nome no samba, ao lado de Alcione e Beth Carvalho.

3. CLARA E A PORTELA

Clara teve uma relação muito estreita com a escola de samba Portela. Além de assídua frequentadora da quadra, dos sambas promovidos pela agremiação e dos desfiles, a cantora também foi divulgadora da Portela. Clara deu voz a canções dos tradicionais compositores da escola, a sambas - enredo – como “Ilu Ayê”, de 1972, e “Macunaíma”, de 1975 –, e também a músicas que exaltavam a Portela. Em 1984, Clara foi uma das homenageadas por sua escola do coração, ao lado de Paulo da Portela e Natal, no enredo “Contos de Areia”, que se sagrou campeão no carnaval daquele ano. Em 2012, Clara também foi homenageada pela escola, sendo a condutora do enredo sobre a Bahia. No desfile, a intérprete foi representada pela cantora Vanessa da Mata.

4. PESQUISADORA DOS RITMOS BRASILEIROS


A cantora Clara Nunes

Apesar de ter seu nome diretamente ligado ao samba, não foi somente o ritmo mais tradicional do Brasil que Clara cantou. A cantora foi uma profunda pesquisadora dos ritmos brasileiros. Em seus discos e shows figuravam jongos, afoxés, ijexás, , forrós, choros e até canções tradicionais de tribos indígenas, que fizeram com que Clara fosse uma grande representante da diversidade musical brasileira.

5. FÉ

Mesmo sendo o Brasil um país miscigenado, com forte presença da tradição africana em nossa formação cultural, as religiões de matriz afro sempre sofreram (e ainda sofrem) muito preconceito. Clara Nunes soube transformar sua fé em expressão artística. As referências aos Orixás estiveram presentes em suas canções, e a cantora tinha orgulho em afirmar suas crenças e cantar com alegria que era “filha de Ogum com Iansã”.

6. MUSA INSPIRADORA

Além de grande intérprete, Clara também foi musa inspiradora para grandes compositores. A cantora foi homenageada em diversas canções. Algumas delas foram cantadas pela própria Clara, como “Guerreira”. Outras foram gravadas por amigos, como “Mineira”, que ganhou a voz de João Nogueira, um dos compositores da canção. Após a morte, Clara foi celebrada em diversas músicas, como “Um Ser de Luz” samba de Paulo César Pinheiro, João Nogueira e Mauro Duarte que foi gravado por Alcione, amiga pessoal de Clara.

7. QUEBRA DE TABU

No Brasil, dos anos 70, havia um “tabu” relacionado às mulheres cantoras que fazia com que elas não tivessem bom desempenho na venda de discos. Clara foi responsável por reverter esse quadro, em 1971, ao se tornar a primeira cantora a vender mais de 100 mil cópias de um álbum, o homônimo Clara Nunes. A intérprete ainda teria outros grandes êxitos em sua carreira fonográfica, como o disco Claridade, de 1975, que vendeu mais de 1 milhão de cópias, e Brasil Mestiço, de 1980, que bateu a casa de mais de 2 milhões de exemplares vendidos.

8. DUETOS

Ao longo da carreira, Clara Nunes dividiu os vocais com diversos amigos, em gravações que se tornaram antológicas. Os encontros de Clara com Clementina de Jesus, Vinícius de Moraes, Toquinho, Roberto Ribeiro, Adoniran Barbosa, dentre outros, tornaram-se verdadeiros clássicos da música brasileira.

9. NOVAS GERAÇÕES


As músicas da cantora são referência até os dias atuais

A obra de Clara Nunes ainda é atual. Prova da modernidade do canto de Clara é que, até hoje, artistas das novas gerações recorrem ao repertório da intérprete para pescar pérolas para seus próprios trabalhos. Mônica Salmaso, Mariana Aydar, Teresa Cristina, Gaby Amarantos e Diogo Nogueira são apenas alguns exemplos de jovens que reviveram canções imortalizadas por Clara.

10. LANÇAMENTOS EM 2013

Com a lembrança dos 30 anos de morte de Clara, 2013 vai ser um ano cheio de homenagens à cantora. Alguns lançamentos estão previstos para este ano, como a reedição da biografia Clara: Guerreira da Utopia, de Vagner Fernandes; os discos tributo de Mariene de Castro e Fabiana Cozza; e ainda um box com a discografia completa da cantora.