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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O final de um Império pela falência!E a falta de interesse pela cultura no país!


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Publicado em: 22/09/2009 17:00

Acervo fotográfico da Bloch Editores não recebe lances em leilão
Por Eduardo Neco/Redação Portal IMPRENSA
Contrariando as expectativas dos ex-funcionários da massa falida da Bloch Editores, nenhum lance foi feito ao acervo fotográfico da empresa durante leilão ocorrido na tarde desta terça-feira (22), na cidade do Rio de Janeiro.
Avaliado em R$ 2 milhões, o acervo possui material produzido por fotógrafos das revistas Manchete, Fatos e Fotos, Amiga, Desfile, Sétimo Céu, Geográfica Universal e Pais & Filhos, e reúne mais 12 milhões de fotos, cromos e negativos. A venda do arquivo se destina ao pagamento dos créditos de dívidas trabalhistas aos ex-funcionários da empresa, que faliu em 2000. O arquivo possui também fotos que não foram publicadas.
De acordo com Jussara Razzé, integrante da Comissão de Ex-Empregados de Bloch Editores, o leilão foi aberto com o valor previsto, mas por não haver manifestação de lance, uma nova proposta foi feita pelo leiloeiro Fernando Braga, dessa vez com abatimento de 50%. Mesmo assim nenhum dos presentes se manifestou e a data para um novo leilão deverá ser estipulada pela Justiça.
José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-empregados de Bloch Editores, lamentou a ausência de lance dos interessados no acervo e sublinhou a falta de "valor que se dá a cultura e a memória do país". "Isso é muito triste. Amanhã, aquilo tudo pode virar pó, não dá para entender", disse José Carlos. Em sua avaliação, "o governo deveria se empenhar para arrematar o acervo por duas razões: pela questão social referente ao pagamento do ex-funcionários e pela preservação de um patrimônio histórico que pode se perder".
O leiloeiro Fernando Braga advertiu que o prédio da Manchete só foi vendido na terceira edição do leilão e por valor expressivamente superior aos R$ 38 milhões estipulados. Para ele, é normal que na primeira apresentação do material os interessados fiquem receosos e aguardem pela movimentação mercadológica.
Braga ressaltou que para adquirir o acervo é preciso capital para arcar também com os custos de preservação física e de digitalização do arquivo. Ele acredita que surgirão mais interessados no acervo após repercussão do resultado do leilão desta terça.

Indenização dos ex-funcionários da Bloch

Dos cerca de 2500 funcionários habilitados pela Justiça, 1700 já receberam os valores referentes aos créditos trabalhistas devidos pela massa falida da Bloch. Por volta de oitocentas pessoas ainda não retiraram os cheques de indenização, destes, quinhentos ainda precisam requisitar habilitação judicial para participar do processo indenizatório.
Porém, segundo informa Jussara Razzé, os valores pagos aos ex-funcionários têm base de cálculo do ano de falência da Bloch, 2000, e precisam ser reajustados. "Nós ainda não sabemos como iremos fazer para receber o valor referente aos anos posteriores ao da homologação da falência", disse.
Por enquanto, O dinheiro das indenizações provém, apenas da venda do leilão do prédio da Manchete, em maio, que arrecadou R$ 64, 5 milhões.
Foi por décadas um dos mais importantes conglomerados da imprensa no Brasil. O Grupo Bloch começou a ser erguido pelo imigrante russo Adolpho Bloch em 1952, e na sua melhor fase era composto por duas gráficas, uma fábrica de tintas, editora e distribuidora de livros didáticos e revistas, um teatro, 16 emissoras de rádio e cinco de TV, que compunham a Rede Manchete.
A revista Manchete, que vendia 120 mil exemplares, em 1957, foi sempre o carro-chefe da empresa. Chegou a superar a tradicional concorrente O Cruzeiro e lançou nomes ilustres como Rubem Braga e Fernando Sabino.

História em Quadrinhos

Nos anos 70, a Bloch publicou quadrinhos dos super-heróis Marvel no polêmico formatinho e criou o Clube do Bloquinho, idéia de Wilson Viana, o Capitão Aza.

Fim da Editora

A Bloch Editores teve sua falência decretada em agosto de 2000.
Em dezembro de 2002, os principais títulos das revistas da Bloch Editores – Manchete, Pais & Filhos, Ele & Ela e Fatos & Fotos – foram leiloados. O comprador foi Marcos Dvoskin, ex-diretor geral da Editora Globo, que criou a Manchete Editora.
O acervo fotográfico da massa falida da Bloch Editores, que reúne as fotografias produzidas pelos profissionais das revistas Manchete, Fatos e Fotos, Amiga, Desfile, Sétimo Céu, Geográfica Universal e Pais & Filhos, não recebeu nenhum lance em seu primeiro leilão, a 22 de novembro de 2009. O acervo contém mais de 12 milhões de fotos, incluindo não publicadas, e foi avaliado em 2 milhões de reais. Mesmo partindo-se numa segunda tentativa com lance mínimo equivalente à metade da avaliação, não houve interessados.
revistas da Bloch Editores


Em 1983, Adolpho Bloch, já com 74 anos, inaugura sua televisão, com investimento inicial de 40 milhões de dólares. A Rede Manchete chega a fazer frente à poderosa TV Globo, mas, pressionado por dívidas, Bloch a vende em 1992, e a retoma no ano seguinte, já que o novo dono não quita os pagamentos previstos.
No dia 19 de novembro de 1995, aos 87 anos, Adolpho Bloch morre em São Paulo.
A Rede Manchete é novamente vendida em 1999 e a Bloch Editores, já afundada em dívidas, atrasa o salário de seus funcionários. Em setembro a empresa entra em concordata, com uma dívida de cerca de 16,7 milhões de reais. A Revista Manchete agoniza e várias revistas de Bloch Editores deixam de circular. O preço de capa das revistas Manchete e Amiga é reduzido, mas já é tarde: Bloch Editores, com uma dívida de 40 milhões de reais, pede autofalência no dia 1º de agosto de 2000. O patrimônio lacrado pela justiça é avaliado em 300 milhões de reais. Morre assim a última grande revista ilustrada do Brasil.


Certamente Clara Nunes e outros artistas compõem esse rol de fotografias do acervo da Bloch Editora e ninguém se manifestou para resgatá-lo!