Sabiá...Até um dia!
terça-feira, 19 de outubro de 2010
CLARA NUNES-Psicografia 1984 por CHICO XAVIER
PSICOGRAFIA CLARA NUNES
Querida Maria,
Eu pressentia que o encontro através de notícias seria primeiramente com você.Somente você teria suficiente disposição para viajar de Caetanópolis até aqui,no objetivo de atingir o nosso intercâmbio. Descrever-lhe o que se passou comigo é impossível agora.Aquela anestesia suave que me fazia sorrir se transformou numa outra espécie de repouso que me fazia dormir. Sonhava com vocês todos e me via de regresso à infância.Cantava.Era pura alegria que me situava num mundo fantástico.Melodias e cores,lembranças e vozes se mesclavam e eu me perdia naquele êxtase desconhecido.Não cuidava de mim.Lembrava-me dos que ficaram,mas ainda não sabia se a mudança seria definitiva. Conte ao nosso querido Paulo a minha experiência.Tantos dias no descanso,ignorando o que vinha a ser tudo aquilo que se me apresentava à imaginação por fantasia que desconhecia como deslindar. Peço a você solicitar ao Paulo me perdoe se lhes transmito as presentes notícias com a fidelidade possível. Acordei num barco engalanado de flores,seguido de outras embarcações nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos,hinos em que o amor por Iemanjá era o tônico de todas as palavras.Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito pouco a pouco,me conscientizei e passei, da euforia ao pranto de saudade porque a memória despertava para a vida na retaguarda e o nosso Paulo se fazia o centro de minhas recordações.Queria-o ali naquela abordagem maravilhosa,pois os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam. Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente,uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me convidou a pisar na terra firme.Ali estavam o meu pai Manoel e a nossa mãezinha Amélia.Os abraços que nos assinalavam as lágrimas de alegria pareciam sem fim.Era muita saudade acumulada no coração. Ali passei ao convívio de meus pais e os meus guardiões retornavam ao mar alto.Retornei a nossa vida natural e em companhia de meu pai Manoel pude rever você e os irmãos todos,comovendo-me ao abraçar a nossa Valdemira que me pareceu um anjo preso ao corpo. Querida irmã,não disponho das palavras exatas que me correpondam às emoções.Peço a você reconfortar o nosso Paulo e dizer-lhe que não perdi o sonho de meu filhinho que nascesse na Terra de nossa união e de nosso amor. O futuro é luz de Deus.Quem sabe virá para nós uma vida renovada e diferente,na qual possamos realmente pertencer-nos para as mais lindas realizações? Você diga ao meu poeta e beletrista querido,que estou contente por vê-lo fortalecido e resistente,exceção feita aos copinhos que ele conhece e que estou vendo agora um tanto aumentados. Desejo que ele saiba que o meu amor pelo esposo e noivo permanece que ele continua sendo para mim está brilhando em meu coração,em meu coração que continua cantando fora de outro coração que me prendia. A cigarra,por vezes,canta com tanta persistência em louvor de Deus e da natureza que se perde nas cordas que lhe coordenam a cantiga caindo ao chão desencantada. O meu coração da vida física não suportou a extensão das melodias que me faziam viver e,uma simples renovação para tratamento justo me fez repensar nas maravilhas diferentes a que fui conduzida. Espero que o nosso Paulo consiga ouvir-me nessas letras. Agradeço a ele as atitudes dignas com que me acompanhou até o fim do corpo,tanto quanto agradeço a você e às nossa irmãs e irmãos o respeito com que me honraram a memória,abstendo-se de reclamações indébitas junto aos médicos humanitários que se dispuseram a servir-nos. Querida irmã,continuem com o nosso grupo em Caetanópolis,o irmão José Viana e o Dr.Borges estão conquistando valiosas experiências. Muitas saudades e lembranças a todos os nossos e pra você um beijo fraternal com as muitas saudades de sua,Clara
(Mensagem psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier,em reunião pública Do Grupo Espírita da Prece,em 15/09/1984Uberaba-MG
(
Clara Francisca Gonçalves Pinheiro
*12/08/1942 +02/04/1983
Notas:
Maria é sua irmã : Maria Gonçalves (irmã que a criou)
Anestesia: O que causou o choque anafilático (28 dias de coma)
Paulo : seu marido, poeta,compositor Paulo Cesar Pinheiro
Manoel: seu pai Manoel Pereira Gonçalves
Amélia : sua mãe Amélia Nunes
Valdemira: nome de batismo de sua irmã doente à cama, Branca Gonçalves
filhinho: Clara não teve filhos, mas ficou grávida 3 vezes, perdendo todos na gestação.
Cigarra: Paulo Cesar compôs uma música em homenagem a terra de Clara fazendo
uma analogia ao canto da cigarra:
"quando eu canto a morte me percorre e eu solto um canto da garganta
e a cigarra quando canta morre, e a madeira quando morre canta"
Processo: a família de Clara não levou adiante o pedido de investigação de erro médico.
Assinar:
Postagens (Atom)