Conselho deliberativo da escola decide trocar o patrono Natal por Nilo Figueiredo, atual presidente da Azul e Branca. Portelenses reagem nas redes sociais
POR PALOMA SAVEDRA
Rio - A decisão do conselho da Portela de trocar o nome da quadra da escola — que desde 1972 se chama Natalino José do Nascimento, o Natal, morto em 1975, considerado patrono da agremiação — para o do atual presidente, Nilo Figueiredo, gerou reação na comunidade da Azul e Branca.
A polêmica invadiu também as redes sociais. A quadra, conhecida como Portelão, fica na Rua Clara Nunes, em Madureira. A ata da reunião, ocorrida em abril, circula desde segunda-feira no Facebook e causou protestos de torcedores da Águia de Madureira, que saíram em defesa da memória de Natal, antigo líder da escola.
Nilo se defende: contra mudança | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia
De 1935 até 1970, a Portela ganhou 19 títulos sob seu comando. Até hoje, é lembrado e adorado.
Sambista ilustre da escola, Noca da Portela, 80 anos, considerou a ideia de mau gosto: “Só pode ser brincadeira. Seria a maior besteira tirar o nome do Natal da quadra. Ele fez história na escola. Nós, portelenses, não vamos deixar”, protestou o compositor, que ainda criticou a atual gestão.
“Que conselho é esse que faz a bobagem de trocar o nome da quadra? O que tem de mudar é a atitude, para ganhar carnavais”, disse Noca.
Líder da torcida Guerreiros da Águia, Marcelo Moura, faz coro. “A ideia de tirar o nome do Natal só mostra como o presidente é mal-assessorado. Uma mudança dessas é inadmissível”, criticou Marcelo.
Em resposta, Nilo negou que o nome da quadra da Portela vá mudar. Mas nesta quinta-feira, em nova reunião, membros do conselho sustentaram a troca, que independe da aprovação do presidente.
"Se quisesse meu nome, já teria feito"
“A reunião (que mudou o nome da quadra) foi em abril. Se quisesse colocar meu nome, já teria feito”, defende-se Nilo, afirmando que a quadra não tem nome.
“Ela tem homenagens, como os bustos do Natal, do Paulo da Portela e da Clara Nunes, que eu coloquei lá. E decretei em 2005 o Natal como patrono da escola. Quer homenagem maior?”
Filho do antigo homenageado, Osni Nascimento, 65, contesta: “Quando a quadra foi fundada, em 1972, meu pai era patrono e ela levava seu nome. Se o conselho quiser mudar, tem direito. Mas a pessoa tem de ter currículo”.