Sabiá...Até um dia!

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sábado, 17 de dezembro de 2011

Martinho da Vila: Viva Minas Gerais


Rio - Passei uns dias ótimos em Minas, onde fiz um espetáculo e uma palestra. O show foi no dia quatro, dia de Inhansã. Eparrê Oiá! Salve Santa Bárbara! Este é o nome da antiga cidade mineira, que completou 307 anos. A festa foi grande, com muita gente dos municípios vizinhos e o prefeito Mário Celso reinaugurou o centro histórico, iluminado especialmente para o Natal. Santa Bárbara é conhecida como a cidade do mel e é terra de Afonso Pena, primeiro mineiro a ser presidente da República. A palestra foi de comemoração do 25º aniversário do Sempre Um Papo, evento literário.

Foi emocionante estar em um teatro de cerca de 1.000 lugares, quase lotado de gente interessada em ouvir a minha conversa intermediada pelo Afonso, o produtor, e papear conosco, inclusive o governador Antônio Anastasia. Depois eu fiquei um bom tempo autografando o meu novo livro, ‘Fantasias Crenças e Crendices’ (a Editora Ciência Moderna mandou 200 exemplares e todos foram vendidos). O show em Santa Bárbara e a palestra em Belo Horizonte foram bons, mas ótimas mesmo foram as comidinhas mineiras que saboreei. Em Catas Altas, cidadezinha próxima à Santa Bárbara, foi onde eu comi melhor.

Degustei uma costelinha de porco com ora-pro-nobis, verdura rica em proteína que compõe a iguaria que provei pela primeira vez em João Monlevade, na casa da Família Alcântara, grupo vocal que participou do Concerto Negro. Em BH não deixo de ir ao Restaurante Dona Lucinha, muito bom. Sou mineiro honorário com título dado pela Assembléia Legislativa de MG. Fui condecorado com medalhas e comendas mineiras, mas a minha ligação com Minas Gerais é de nascença, pois Duas Barras,RJ, onde nasci, é caminho para a “terra do pão de queijo”, mas fui criado no Rio, num morro meio amineirado, a Serra dos Pretos Forros, na Boca do Mato. Cresci ao som de sanfonas ouvindo calangos e acompanhado folias de reis. Minas Gerais gerou grandes compositores identificados com o samba como João Bosco, Ataulfo Alves, o maior, e Xangô da Mangueira (“Quando eu vim de Minas/ Trouxe ouro em pó quando eu vim”, este um grande sucesso da Clara Nunes, na minha opinião a mais bela voz do Brasil de todos os tempos).

E nos deu outras cantoras como a Aline Calixto, que vem chegando devagar. Um dos meus maiores sucessos é ‘Mulheres’, do mineiro Tuninho Gerais, mas o que me emociona é a ‘Congada de Minas Gerais’, uma cantoria da cidade de Machado que eu gravei no LP O Canto das Lavadeiras. Dedico esta crônica ao poeta Drummond e ao Afonso Borges, que há 25 anos produz eventos culturais.

E-mail: palavradesambista@martinhodavila.com.br