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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Documentos dos militares careciam de credibilidade, afirma presidente da ABI



Os documentos de Informações dos órgãos de repressão na ditadura militar - tal como o apresentado ontem pelo Jornal do Brasil - careciam de credibilidade. Quem, atesta isso é o atual presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azedo.

"Informes, documentos e relatórios daquela época careciam de verdade nas informações encontradas pelos militares, mesmo naquela época. Após serem liberados para análise, isso fica muito evidente em documentos como esse", lembrou o jornalista. Ele também defendeu os veículos listados como pertencentes à " imprensa marrom":

"Eram publicações que não faziam do jornalismo uma fonte de chantagem de qualquer natureza. Há uma clara impropriedade na lista elaborada pelos militares".

Como o Jornal do Brasil publicou na quarta-feira (5), um documento oficial do Centro de Informações do Exército(CIE) - o Info 2755/71/S-103.2 -, de 25 de novembro de 1971, relacionou artistas, entre eles Roberto Carlos e Clara Nunes, como " dispostos a uma efetiva colaboração com o governo". A divulgação do documento causou surpresa devido à aparição de nomes sobre os quais jamais houve suspeita de "colaboração" com o regime ditatorial..

Defensor dos perseguidos

Considerado um dos advogados que mais defendeu presos e perseguidos políticos no país, Antônio Modesto da Silveira, que acaba de ser nomeado membro da Comissão de Ética Pública pela presidenta Dilma Roussef, colocou em dúvida os nomes encontrados na lista:

"No documento, se percebe a mistura de artistas. Alguns eram a favor do governo, outros eram contra. Não há veracidade nos nomes desse documento", critica Modesto. Ele próprio relembra um exemplo curioso de incompetência da censura na antiga sede do Jornal do Brasil, na Avenida Rio Branco:

"Quando eu fui convidado para ir à redação do JB, em uma das notícias censuradas havia a proibição de falar, por exemplo, de uma rixa entre um sargento e um oficial. O motivo da briga seria a apreensão de bens de um contrabandista. Através de uma censura mal redigida, descobria-se o que acontecia, mesmo que vagamente, como neste caso."