Sabiá...Até um dia!

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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FELIZ 2011 COM MUITA PAZ PARA TODOS OS AMANTES DE CLARA NUNES


Que esse SER DE LUZ continue a conquistar corações com o seu canto e encanto!
No dia 02 de novembro desse ano o cemitério S.João Batista (onde está o túmulo de Clara Nunes) foi visitado por adeptos do Espiritismo.

Com um retrato sobre o jazigo,muitas flores e preces, Clara foi lembrada por fiéis à sua memória.
MATÉRIA JORNAL O GLOBO

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Silvio Santos: 80 anos do maior ícone da TV brasileira

No dia 12 de dezembro, o "Homem do Baú" completa 80 anos de muita criatividade, talento e energia. Relembre os momentos mais marcantes da vida e da carreira de Silvio Santos.


No palco, Silvio conversa com a estrela da música Clara Nunes, que faleceu em 1983, e com Victor Civita 

ÚLTIMA ENTREVISTA DE CLARA NUNES À MARÍLIA GABRIELA-TV MULHER 82

O CANTO DAS TRÊS RAÇAS-O PREFERIDO DE CLARA NUNES

CLARA NUNES-LEDA NAGLE 2

CLARA NUNES-LEDA NAGLE 1

CLARA NUNES-DEUSA DOS ORIXÁS HD

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Espiritualidade no cinema atrai o público


Publicado em 13/11/10 às 18h25
por Alysson Oliveira
“O público está muito interessado em filmes que falem da espiritualidade”, constata a documentarista Cristiana Grumbach (na foto, realizando uma entrevista), que acaba de lançar seu segundo longa, As cartas psicografadas por Chico Xavier. Apesar do sucesso do Tropa de Elite 2a diretora acredita que, no ano do centenário do médium mais famoso do Brasil, essa temática está mais forte do que nunca – prova disso são os sucessos Chico Xavier e Nosso Lar.
“Vivemos no maior país espírita do mundo, embora nem sempre isso esteja nos dados. Uma peculiaridade do brasileiro é, além de manter a sua religião, transitar pelas outras. Há uma grande curiosidade e interesse das pessoas em questionar esse tipo de tema”, explica a documentarista que começou a trabalhar no seu longa em 2004, quando sentiu curiosidade de saber como seria receber uma carta de seu avô, de quem foi muito próxima.
Antes de fazer o filme, Cristiana se considerava uma pessoa cética. Talvez, agora , sua posição tenha mudado. “Não sei, o espiritismo é um assunto que me interessa. Eu me questionava sobre qual seria o sentimento de receber uma carta de quem já morreu. Como isso deve mudar a vida de uma pessoa?”. Com essa ideia em mente, a diretora foi atrás de personagens que podiam lhe contar sobre suas experiências.
Ao final, ficaram no filme oito famílias que lhe relataram suas experiências. “Eu me concentrei nas histórias de mães e pais por terem maior força e porque o Chico [Xavier] também dava mais atenção a eles. Achei que devia manter essa espécie de fidelidade ao trabalho dele”. Diferentemente de seu primeiro longa, Morro da Conceição, Cristiana diz não querer traçar o perfil de seus entrevistados, saber de sua vida pregressa ou algo assim. “A ideia era concentrar na carta, na relação dessas pessoas com a correspondência que receberam de seus filhos mortos”.
Cristiana não chegou a conhecer Chico Xavier, mas um amigo que esteve em Uberaba acompanhou algumas sessões de psicografia. Quando ele lhe contou sobre a experiência, instigou ainda mais a curiosidade da documentarista. Para encontrar seus entrevistados, ela contou com a ajuda de pessoas ligadas a centros espíritas e estudos sobre a vida e obra de Chico Xavier.
A versão que chega aos cinemas de As cartas psicografadas por Chico Xavier é 20 minutos mais curta do que aquela apresentada em festivais, entre eles em Paulínia, em julho passado. “Foi uma decisão muito difícil, inclusive porque a pessoa que ficou de fora tinha uma expectativa com o filme. Mas tive de excluir aquela que tinha o menor depoimento e a maior carta lida em voz alta.”
Aprendizagem com Coutinho
Além de fazer Morro da Conceição, Cristiana trabalha há muitos anos com Eduardo Coutinho, considerado um dos maiores documentaristas do país. Para ela, essa experiência a ajudou a entender como buscar a dimensão humana dos entrevistados. “Não me interessa provocar sensacionalismo com as pessoas. E eu percebo que, diante das câmeras, o entrevistado tenta dar o melhor de si”.
Ela conta que, para deixá-los confortáveis e seguros, tenta criar um ambiente discreto e com pouca parafernália. “Minha equipe é muito enxuta, não usamos um monte de equipamentos, luzes, câmeras. Tento fazer com que aquela situação [a entrevista] se torne algo mais ou menos comum para o entrevistado. Sempre começo conversando sobre assuntos menos importantes, para tentarmos estabelecer uma relação”.
Além de lançar As cartas psicografadas por Chico Xavier, Cristiana toca outros projetos – entre eles, um documentário sobre médiuns. “Quero acompanhar a vida dessas pessoas, compreender como se dá essa mediação.” Além deste, a documentarista planeja um filme sobre a cantora Clara Nunes, morta em 1983. “Está muito embrionário ainda. Tive uma conversa muito rápida com [o compositor e viúvo da artista] Paulo César Pinheiro. Ainda precisamos conversar bastante sobre a possibilidade de fazer esse filme. Penso numa combinação entre documentário e ficção. Queria ter uma atriz ao meu lado e juntas revivermos a trajetória de Clara Nunes”.

terça-feira, 16 de novembro de 2010



A cineasta: Cristiana Grumbach
Carioca, formada em Comunicação pela PUC-Rio, teve grande experiência como assistente de direção e câmera de Eduardo Coutinho em filmes como Babilônia 2000 (2000), Edifício Master (2002), Peões (2004), O fim e o princípio (2005), e Jogo de Cena (2007), entre outros. Dirigiu o curta Maria de todas as horas (2004), ao lado de André Horta, e o média-metragem O esôfago da Mesopotâmia, além de alguns videoclipes. Sua estréia na direção de um longa foi em Morro da Conceição (2005), documentário sobre os moradores mais antigos de um morro histórico no centro do Rio de Janeiro. Seu mais recente documentário estreou em novembro :As Cartas Psicografadas por Chico Xavier
publicado em 15/11/2010 às 12h09:

Viúvo de Clara Nunes não quer mexerico em filme
Paulo César Pinheiro estuda convite de cineasta Cristiana Grumbach

A trajetória de Clara Nunes pode virar filme. Viúvo da cantora, o músico Paulo César Pinheiro estuda uma proposta da cineasta Cristiana Grumbach, diretora do documentário As Cartas Psicografadas por Chico Xavier. A informação é da coluna Entre a Gente, assinada por Ana Carolina Rodrigues, no Jornal da Tarde desta segunda (15).
Cristiana disse ao viúvo que tem interesse em levar a história da eterna Morena de Angola às telonas. Segundo a publicação, Pinheiro gostou do projeto e pediu que a diretora não entre em assuntos pessoais de Clara, que morreu em 1983 em uma cirurgia de varizes. Ao jornal, Pinheiro disse que já houve outras tentativas de filmar a vida de Clara Nunes. - Na Globo, também tentaram fazer. Mas eu não tenho interesse em nada que queira fazer mexerico da vida de Clara. Cristiana tem a preferência porque deseja focar a vida artística da artista. Clara Nunes nasceu na cidade mineira de Paraopeba, em 12 de agosto de 1943, e morreu no Rio de Janeiro, em 2 de abril de 1983. Ela foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias de discos. No auge de seu sucesso, entre fins dos anos 1970 e começo da década de 1980, ela vendia mais de 1 milhão de cópias de cada disco que lançava.
Clara Nunes pode virar filme em 2011
Por Rodrigo Coutinho - 15.11.2010 às 13:37:00 - 82
RIO DE JANEIRO (O REPÓRTER) –
Uma das maiores cantoras da música popular brasileira está prestes a ganhar uma merecida homenagem. De acordo com informações da colunista do Jornal da Tarde, Ana Carolina Rodrigues, Clara Nunes pode ganhar um filme que conta a sua trajetória em 2011. A cineasta Cristiana Grumbach já apresentou proposta ao viúvo de Clara, o compositor Paulo César Pinheiro.

Paulo deixou claro que não pretende aprovar produções que se atenham à vida pessoal de Clara Nunes. Para ele é de suma importância mostrar a trajetória artística de sua ex-mulher. A TV Globo já chegou a se interessar na produção de uma minissérie que falasse sobre a cantora, nos mesmos moldes que foi feito com Maysa, mas a abordagem da produção não agradou aos familiares de Clara.
Apesar de ter fincado raízes no Rio de Janeiro, Clara Nunes é natural da cidade de Paraopeba, interior de Minas Gerais. Muito identificada com as tradições afro-brasileiras, ela é, até hoje, considerada por muitos, a melhor cantora de samba da história, tendo gravado diversos sambas de compositores portelenses, sua escola de coração. Foi a primeira mulher a vender mais de cem mil cópias de um LP.
Clara Nunes faleceu em 1983, após uma reação alérgica, decorrente de anestesia. A cantora passava por uma cirurgia para varizes
http://www.oreporter.com/detalhes.php?id=32513 Cristiana Grumbach Carioca, formada em Comunicação pela PUC-Rio, teve grande experiência como assistente de direção e câmera de Eduardo Coutinho em filmes como Babilônia 2000 (2000), Edifício Master (2002), Peões (2004), O fim e o princípio (2005), e Jogo de Cena (2007), entre outros. Dirigiu o curta Maria de todas as horas (2004), ao lado de André Horta, e o média-metragem O esôfago da Mespotâmia, além de alguns videoclipes. Sua estréia na direção de um longa foi em Morro da Conceição (2005), documentário sobre os moradores mais antigos de um morro histórico no centro do Rio de Janeiro. Documentário As Cartas Psicografadas por Chico Xavierde Cristiana Grumbach 105 min. digital

domingo, 7 de novembro de 2010



A história começa assim: O Capim Seco estava em trio fazendo mais um samba no Alfândega Bar. Eu cantando e tocando pandeiro, o Bidu cantando e tocando violão e o Luizão na “percuteria”. O show estava mais intimista, o público ficou sentadinho ouvindo e cantando as músicas. Em meio a esses que ouviam em silêncio nossas interpretações apareceu um rapaz que de olhos fechados se deleitava com as canções. Esse rapaz puxou conversa com o Júlio, um dos donos da casa, e disse que estava gostando muito do grupo, que a cantora o fazia lembrar sua tia... O Júlio nessa hora deve ter imaginado aquela senhora velhinha, do coral da igreja e com muito vibrato na voz. Mas então o rapaz completou: - Minha tia Clara!
Isso mesmo, o tal moço é sobrinho da nossa “Deusa dos Orixás”, Clara Nunes. Seu Nome é Marcio Guima, e ele é também cantor e compositor. Aproveitamos a oportunidade pra conhecê-lo e descobrimos que ele freqüentava os shows do Capim nos primeiros anos de banda, quando tocávamos no “Fuxiquim”. Aí a festa se instalou, ele subiu no palco e fizemos uma série de músicas em homenagem à Clara Nunes. Cantamos de ”Portela na Avenida” (Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro), a “As Forças da Natureza” (João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro) e pra completar ainda fizemos uma entrevista com ele.
Marcio nos contou que aprendeu violão com sua mãe, Vincentina, e que sempre tinham o costume de ouvir atentamente os discos da ”tia Clara” em casa. Disse da influência recebida em sua carreira e de sua grande admiração por Clara: “Aos 15 anos tive a coragem de mostrar a ela minha primeira composição esperando sua aprovação e crítica. Participava nesta época (anos 80) de festivais no interior de Minas. Clara sugeriu-me vir para BH, e estudar música, canto. Fiz o combinado e estou desde 1984, um ano após sua morte exercendo o ofício musical. Hoje sempre que posso faço homenagens a ela.”
  foto: Capim Seco e Márcio Guima no Alfândega bar.                                        
Sobre a sua família Guima conta: “Minha mãe é Vicentina Pereira Gonçalves, irmã de Clara, nascida em 1936 em Caetanópolis, terra natal de Clara Nunes, antiga Cedro, distrito de Paraopeba. Todos os sete irmãos (José, Ana Filomena, Maria Gonçalves, Joaquim, Valdemira, Vicentina e Clara) trabalharam em fábrica de tecidos, a Cedro Cachoeira, em Caetanópolis. Na vinda para Belo Horizonte, em 1958 minha mãe foi quem trouxe primeiramente dois irmãos para trabalhar também em fábrica de tecidos, a Renascença no bairro de mesmo nome em BH. No ano seguinte veio Clara, com 17 anos e logo foi contratada também trabalhar lá. Foi operária de 1958 a 1963, intercalando com a música que era inicialmente uma diversão e logo passou a ser profissão(...)”

Marcio falou também da trajetória artística de sua tia, no entanto, acredito que o mais interessante neste encontro é publicar suas memórias e impressões pessoais. Por isso a biografia de Clara ficará por conta, pra quem se interessar, de Vagner Fernandes com o livro “Guerreira da Utopia” e aqui deixo apenas o relato íntimo do sobrinho Márcio: “Para mim existe duas Claras. A Clara Nunes consagrada como artista, e a tia Clara como aprendi a chamá-la desde criança. Suas vindas a BH eram em festas de fim de ano e shows no Palácio das Artes, Minas Tênis e etc. Ela passava o Natal e Revellion conosco curtindo férias em Caetanópolis, visitando amigas e parentes da região. Sua simplicidade e mineiricefaziam desse período a alegria da família e irmãos. A Dindinha (irmã mais velha de Clara) foi quem a criou, já que ela ficou órfã muito cedo, aos 4 anos. Sua casa em Caetanópolis virava um ponto de encontro no final de ano para amigos e fãs. Clara nunca negava uma foto, um autógrafo, uma atenção aos admiradores.
Minha lembrança mais antiga remete aos brinquedos que ganhava, as rodas de música em família, as folias de rei que ela se emocionava ao assistir, aos irmãos em volta com os casos antigos, e o carinho que tinha com os sobrinhos, já que Clara se emocionava com crianças. Desejo de ser mãe negado pela natureza.”
Marcio Guima manifestou em nossa entrevista mais que sua admiração pela pessoa Clara Nunes, manifestou a admiração que também nós do Capim temos pelo legado da artista. “A obra gravada por Clara Nunes é atemporal, não datada. Ficou para toda uma nova geração, e a qualidade musical de seus sucessos é incontestável. Sua grande preocupação era trazer compositores compromissados com a boa música brasileira, e teve a felicidade de cantar grandes compositores como Paulinho da Viola, Chico Buarque, Candeia, João Nogueira, Paulo César Pinheiro, dentre tantos.
A mística de seu trabalho é outra dimensão que a torna um mito com todo simbolismo da afro-religião-brasileira, que ninguém mais que ela soube retratar. Hoje ,Clara Nunes é um ícone dessa manifestação.(...) ”
Sobre o encontro com o Capim Seco e a nossa relação com a obra de sua tia Marcio diz: “Fico feliz ao ver o grupo Capim Seco cantar coisas da Clara Nunes e o público logo se identificar. Michelle é afinadíssima e tem uma bela voz. O grupo tem harmonia e o repertório é de primeira qualidade buscando as raízes da boa música brasileira. Lembro do grupo desde o início em bares de BH e sempre os admirei. Desejo-lhes sucesso, o que tenho certeza que com o primeiro CD será aberto ao grande público o talento dos mineiros do Capim Seco.”
Para nós do Capim Seco foi um encontro inesperado, mas ao mesmo tempo muito rico cultural e artisticamente. Aos que não estavam lá fica a nossa entrevista e as fotos, e que venham sempre, os sobrinhos, os filhos e os netos dos grandes artistas ao nosso encontro. Porque somos da mesma família! Herdeiros da música e cultura brasileira.
Salvem Clara, salvem a cultura afro-brasileira, salvem os sobrinhos da música brasileira!
Obrigada Márcio!
Michelle Andreazzi
Tags: AlfandegaBarCapimClaraGuimaMarcioNunesSeco

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Margareth Menezes é a primeira convidada no Música Falada 2009



Osmar Marrom | Redação CORREIO
Primeira convidada da edição 2009 do Projeto Música Falada, a cantora Margareth Menezes preparou uma homenagem especial à Jovem Guarda com canções de Jerry Adriani, Vanderley Cardoso e da dupla Leno e Lilian. O evento aconteceu na terça- feira (04) , 21h, no Teatro Castro Alves. 

O projeto, que tem como conceito mostrar um pouco da intimidade do artista e revelar histórias desconhecidas do grande público e dos fãs, promete desvendar algumas influências de Margareth Menezes. 


O Show mostra um pouco da intimidade de Margareth Menezes 

A cantora confessou a Jonga Cunha (diretor musical) que ainda criança foi a um show de
Clara Nunes, na Praia da Boa Viagem, em Salvador, e que aquela cena ficou marcada na memória. “Não me esqueço daquele cabelo vermelho no palco'. Ela foi realmente uma grande influência para eu começar a cantar”, contou.
Jonga já tocou percussão e gravou com Margareth. O Música Falada tem direção geral de Fernando Guerreiro e direção de produção de André Simões (Andrezão).

(Notícia publicada na edição impressa de 02/08/2009 do CORREIO)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CLARA NUNES-Psicografia 1984 por CHICO XAVIER

PSICOGRAFIA CLARA NUNES



Querida Maria,

Eu pressentia que o encontro através de notícias seria primeiramente com você.Somente você teria suficiente disposição para viajar de Caetanópolis até aqui,no objetivo de atingir o nosso intercâmbio.
Descrever-lhe o que se passou comigo é impossível agora.Aquela anestesia suave que me fazia sorrir se transformou numa outra espécie de repouso que me fazia dormir.
Sonhava com vocês todos e me via de regresso à infância.Cantava.Era pura alegria que me situava num mundo fantástico.Melodias e cores,lembranças e vozes se mesclavam e eu me perdia naquele êxtase desconhecido.Não cuidava de mim.Lembrava-me dos que ficaram,mas ainda não sabia se a mudança seria definitiva.
Conte ao nosso querido Paulo a minha experiência.Tantos dias no descanso,ignorando o que vinha a ser tudo aquilo que se me apresentava à imaginação por fantasia que desconhecia como deslindar.
Peço a você solicitar ao Paulo me perdoe se lhes transmito as presentes notícias com a fidelidade possível.
Acordei num barco engalanado de flores,seguido de outras embarcações nas quais muitos irmãos entoavam hinos que me eram estranhos,hinos em que o amor por Iemanjá era o tônico de todas as palavras.Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória.
Muito pouco a pouco,me conscientizei e passei, da euforia  ao pranto de saudade porque a memória despertava para a vida na retaguarda e o nosso Paulo se fazia o centro de minhas recordações.Queria-o ali naquela abordagem maravilhosa,pois os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que a guarneciam.
Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente,uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me convidou a pisar na terra firme.Ali estavam o meu pai Manoel e a nossa mãezinha Amélia.Os abraços que nos assinalavam as lágrimas de alegria pareciam sem fim.Era muita saudade acumulada no coração.
Ali passei ao convívio de meus pais e os meus guardiões retornavam ao mar alto.Retornei a nossa vida natural e em companhia de meu pai Manoel pude rever você e os irmãos todos,comovendo-me ao abraçar a nossa Valdemira que me pareceu um anjo preso ao corpo.
Querida irmã,não disponho das palavras exatas que me correpondam às emoções.Peço a você reconfortar o nosso Paulo e dizer-lhe que não perdi o sonho de meu filhinho que nascesse na Terra de nossa união e de nosso amor.
O futuro é luz de Deus.Quem sabe virá para nós uma vida renovada e diferente,na qual possamos realmente pertencer-nos para as mais lindas realizações?
Você diga ao meu poeta e beletrista querido,que estou contente por vê-lo fortalecido e resistente,exceção feita aos copinhos que ele conhece e que estou vendo agora um tanto aumentados.
Desejo que ele saiba que o meu amor pelo esposo e noivo permanece que ele continua  sendo para mim está brilhando em meu coração,em meu coração que continua cantando fora de outro coração que me prendia.
A cigarra,por vezes,canta com tanta persistência em louvor de Deus e da natureza que se perde nas cordas que lhe coordenam a cantiga caindo ao chão desencantada.
O meu coração da vida física não suportou a extensão das melodias que me faziam viver e,uma simples renovação para tratamento justo me fez repensar nas maravilhas diferentes a que fui conduzida.
Espero que o nosso Paulo consiga ouvir-me nessas letras.
Agradeço a ele as atitudes dignas com que me acompanhou até o fim do corpo,tanto quanto agradeço a você e às nossa irmãs e irmãos o respeito com que me honraram a memória,abstendo-se de reclamações indébitas  junto aos médicos humanitários que se dispuseram a servir-nos.
Querida irmã,continuem com o nosso grupo em Caetanópolis,o irmão José Viana e o Dr.Borges estão conquistando valiosas experiências.
Muitas saudades e lembranças a todos os nossos e pra você um beijo fraternal com as muitas saudades de sua,

Clara

(Mensagem psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier,em reunião pública
Do Grupo Espírita da Prece,em 15/09/1984

Uberaba-MG

(

Clara Francisca  Gonçalves Pinheiro
*12/08/1942 +02/04/1983


Notas:

Maria é sua irmã : Maria Gonçalves (irmã que a criou)
Anestesia:             O que causou o choque anafilático (28 dias de coma)
Paulo :                  seu marido, poeta,compositor Paulo Cesar Pinheiro
Manoel:                 seu pai Manoel Pereira Gonçalves
Amélia :                sua mãe Amélia Nunes
Valdemira:            nome de batismo de sua irmã doente à cama, Branca Gonçalves
filhinho:                 Clara não teve filhos, mas ficou grávida 3 vezes, perdendo todos na gestação.
Cigarra:                Paulo Cesar compôs uma música em homenagem a  terra de Clara fazendo
                              uma analogia ao canto da cigarra:
                            "quando eu canto a morte me percorre e eu solto um canto da garganta
                             e a cigarra quando canta morre, e a madeira quando morre canta"
Processo:            a família de Clara não levou adiante o pedido de investigação de erro médico.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Umbanda, uma religião musical

Orixás, patuás, batuques, rituais – toda uma mistura que funciona e se agrupa como algo definido a partir da diversidade.
A vinda dos negros africanos para o Brasil, somada à já instalada cultura tupi-guarani, ao catolicismo dos brancos e posteriormente ao espiritismo de Kardec fez nascer uma nova religião.
Umbanda - uma combinação de candomblé, santos católicos, comunicação com os espíritos. O tripé da umbanda é formado pela imagem do preto-velho (antigos escravos), do caboclo (índio nativo) e do exu (orixá africano mais ligado ao homem). Eles são responsáveis por comandar os trabalhos ritualísticos e levar ao homem tudo o que ele necessita para se aperfeiçoar moral e espiritualmente.
Canto, palmas, atabaques, agogôs, sinos, adejás - o som produzido nos rituais ajudam o cérebro a alterar sua frequência de ondas, facilitando assim aos médiuns a conexão mediúnica com seus guias. A batida dos atabaques, chamados de “a voz dos orixás”, auxiliam no transe mediúnico alterando o giro dos chakras responsáveis pela incorporação.
A musicalidade umbandista é que marca os pontos para cada momento da gira (reuniões de trabalho na Umbanda. As giras fazem referência ao giro cósmico universal).
 “Atotô Baluaê Atotô é orixá” (trecho de um ponto de saudação a Oxalá)







 A música tem a capacidade de elevar nossos padrões vibratórios e de pensamento ajudando a estabelecer contato com esferas mais elevadas. Vide os padres Fábio de Melo da vida, a música pode também ser usada para atrair fiéis e/ou os manter. Por outro lado, sem tais propósitos, mas que muito ajudaram a difundir a cultura umbandista, artistas como Clara Nunes e Rita Ribeiro (fotos) rearranjaram os cantos da religião e hoje, mesmo quem não aprecie a Umbanda, entusiasma-se com os cantos dos orixás.
 










Foi no começo da década de 70, cantando samba e depois de uma viagem à África, que Clara Nunes começou a fazer sucesso. Na verdade, existem poucos cantores cuja trajetória musical tem tanta religiosidade negra quanto Clara Nunes, que se tornaria uma das melhores cantoras populares de todos os tempos. 
Rachel Rua Baptista Bakke, inclusive, escreveu uma tese de mestrado sobre a religiosidade de Clara Nunes, num trabalho intitulado Tem orixá no samba: Clara Nunes e a presença do candomblé e da umbanda na música popular brasileira. Seguem alguns trechos do trabalho: 

"Pode-se dizer que a viagem à África funcionou como um divisor de águas tanto na vida espiritual quanto na carreira dessa artista. Era o início da consolidação de uma carreira artística fortemente marcada por um estilo e uma imagem que aproximava a cantora do samba e da umbanda, o que a levou a ser rotulada como "Sambista, Cantora de Macumba".”

“Começou assim um processo de construção de uma imagem artística que associava a cantora às tradições culturais afro-brasileiras. Os símbolos utilizados para articular a obra da cantora com o universo cultural afro-brasileiro, e mais tarde brasileiro, foram essencialmente retirados do candomblé e da umbanda, e apareciam nas músicas que cantava, nas suas performances em shows, e nas reportagens de jornais e revistas que, ao divulgarem elementos da vida cotidiana e íntima de Clara, revelavam para um público maior o estilo de vida do povo de santo.”

“Acreditando no esgotamento do estilo afro, com o qual alcançou sucesso, Clara foi pouco a pouco mudando seu repertório, sua forma de aparecer para o público e o discurso sobre seu trabalho. Almejava deixar de ser a "cantora de macumba" e passar a ser reconhecida como uma "cantora popular brasileira".”

Clara Nunes dançando jongo (dança africana), no Morro da Serrinha – RJ (1980).
“Eu sou uma cantora popular brasileira. É uma coisa que eu sempre lutei, sempre almejei na minha vida ser cantora popular. (...) Então eu não posso me situar se eu sou sambista. Eu sou uma cantora autêntica brasileira. (...) Não quero ser rotulada como cantora de macumba. Nunca gravei um ponto verdadeiro. Respeito muito minha religião. (Fonte: www.claraguerreira.hpg.ig/. Consultado em 05/2003)”.


Iniciação na umbanda por Pai Edú-Recife.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010




MÃ E  ÁFRICA  
Fiquei surpreso com a quantidade de terreiros que se dedicam ao candomblé em Porto Alegre e impressionado porque quase todos eles desenvolvem trabalhos voltados às crianças e adolescentes. Cito como exemplo a Associação Clara Nunes situada no Morro da Polícia e vinculada a um desses terreiros. Que maravilha!
Sendo simpático ao candomblé, me alegrei ao constatar o grande número de pais e mães de santo da religião africana na terra de Érico Veríssimo: Cleusa de Oxum, Mãe Maria de Oxum, Mãe Carmen de Oxalá, Pai Aúreo de Ogum, Mãe Vera de Oyá, Babá Diba de Yemanjá, Mãe Norinha de Oxalá, Mãe Gina de Bará, Paulete da Oxum, Mestre Chico de Xangô e Baba Alexandre Gabriel de Xangô. São só alguns exemplos.
Apurei também que em maio de 2008 houve uma festa tão importante dos afro-descendentes no Largo Zumbi dos Palmares que estiveram presentes mais de vinte prefeitos e outras autoridades de Moçambique que vieram se confraternizar com os co-irmãos gaúchos num formidável intercâmbio cultural.
É numa hora dessas que a gente deve se lembrar de Sivuca, um albino que se considerava filho da mãe África, porque ele fez a melodia e Paulo César Pinheiro, por orientação dele, fez a letra de uma das mais belas canções brasileiras:Mãe África. Prestem atenção nos versos iniciais desta música. Que verdades são lançadas na nossa cara!
A melhor gravação que ganhou Mãe África foi a de Clara Nunes, uma filha de santo que teve a “cabeça feita” por pai Edu de Olinda. Digo isso porque em pelo menos duas reportagens publicadas no jornal Folha de São Paulo, de 11/09/1975, e na Revista Amiga, de 20/04/1983, falou-se abertamente que a cantora era filha de santo de Pai Edu, babalorixá do terreiro Palácio de Iemanjá, em Olinda, em cujas paredes são exibidas orgulhosamente fotos do ritual no qual a cantora teria sido consagrada a Oxum no Rio Capibaribe.
A própria Clara Nunes em certa ocasião chegou a dizer: “Sou muito supersticiosa. Não visto preto, não deixo porta de armário aberta, não coloco sapatos em cima do armário e só canto de branco. É uma cor que transmite paz, coisa boa para o público. Dá uma aura legal. Sou também muito mística. Para começar, na minha religião, quando a gente faz a cabeça, assume certas obrigações e deve cumpri-las. Eu sigo tudo à risca. Mesmo as coisas que eu adoro, eu deixo de fazer. Comer doce de abóbora, por exemplo. É comida do meu santo. Eu não posso comer. Não como.”
Não se esqueçam que ela gravou uma música chamada “Homenagem a Olinda, Recife e Pai Edu”. Mas é importante registrar que, quando Paulo César Pinheiro tornou-se produtor musical e marido da estrela, houve o seu completo afastamento do Palácio de Iemanjá. Isto foi consequência do fato de que aquele compositor não era muito chegado à religião da esposa. Está convencido? Não? Então leia mais:
Clara Nunes já era uma cantora de grande reconhecimento nacional e seu casamento com Paulo César Pinheiro foi um acontecimento de grande divulgação pela imprensa. Um dos assuntos mais comentados sobre o evento foi o fato de Clara ter convidado um padre, ao invés de um pai de santo para celebrar a cerimônia. Para piorar, em entrevista, Pai Edu relatou que só ficou sabendo do casamento de Clara Nunes pela Revista Amiga, o que muito lhe chateou, pois, segundo ele, a cantora teria lhe dito que se casaria em seu terreiro. À época, Clara respondeu em uma entrevista concedida ao Jornal Folha de São Paulo, de 11/09/1975, que Pai Edu havia sido envolvido pela imprensa, pois ela nunca lhe prometeu casar no seu terreiro, apenas disse que um dia, quando pudesse, iria lá somente para ser abençoada. O fato é que, após esse episódio, Clara se afastou da casa de Pai Edu e não mais foi encontrado nenhum indício de que ela tenha se ligado diretamente a outro pai de santo ou terreiro, apenas foi constatado o fato de que ia esporadicamente ao terreiro de Vovó Maria Joana Rezadeira, a Tenda Espírita Cabana de Xangô.
Volto ao assunto principal: quando Clara Nunes  interpretava esse tipo de música que lembrava sua religião ou sua ligação com o continente africano, parecia que ganhava uma energia especial vinda já se sabe de onde. Algumas noites do programa Fantástico, da Rede Globo, nos mostraram uma Clara como que em transe ao cantar algumas pérolas musicais dedicadas aos orixás ou à mãe de nós todos.
O acompanhamento musical da gravação de Mãe África foi do próprio autor da música, mestre Sivuca, mais um conjunto de músicos da pesada porque Sivuca não se ligava nessa área com qualquer um.
Agora, sim, fiquem com o misticismo de Clara Nunes cantando Mãe África.
Um axé para todos!
> Clara Nunes, uma cantora de raízes místicas que após o casamento declarou: “não sou cantora de macumba” .
Ouça “Mãe África” (LP Nação, 1982): http://www.luizberto.com/?p=163537

Enviado por Artur Xexéo 14.10.2010