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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Encontro de gigantes: Clementina de Jesus e Clara Nunes, há 35 anos


Por Daniel Setti
Elas tinham vozes diametralmente opostas. Clementina de Jesus (1901-1987), com seu potente e grave gogó de trovão, parecia uma prima perdida de Nina Simone que nascera por acaso em Valença, no estado do Rio de Janeiro; não menos inconfundível, o timbre da mineira de Caetanópolis Clara Nunes (1942-1983) emanava uma doçura mais, digamos, comercial.
Mesmo assim, as duas divas combinavam quase à perfeição. Tanto é que colaboraram em mais de uma ocasião. A primeira de destaque foi em gravação da deliciosa “PCJ (Partido Clementina de Jesus)”, composição-tributo de autoria do lendário sambista Antônio Candeia (1935-1978) interpretada por ambas no disco Forças da Natureza, lançado por Clara em 1977.
Embora seja coroada pelo despretensioso e irresistível refrão “não vadeia (sic) Clementina”, a letra da música se envereda curiosamente pela ecologia, em versos como “cadê o cantar dos passarinhos?/ar puro não encontro mais não”.
Dois anos depois, seria a vez de Clementina convidar a amiga para participar de seu álbum de duetos intitulado simplesmente Clementinana faixa “Embala Eu”, de Albaleria. Entre os outros ilustres que dividiram o microfone com ela na ocasião estiveram João Bosco e Martinho da Vila.
Abaixo, clipe (tipicamente vagabundo, como a maioria do período) produzido pela Globo em 1977 para “PCJ (Partido Clementina de Jesus)”. Não percam o detalhe nonsense aos 35 segundos, quando aparece um suposto figurante consertando o motor de um Fusca.



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