Sabiá...Até um dia!

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sexta-feira, 22 de julho de 2011

CLARA Reverenciada por Mariene de Castro



Ela é sambista, baiana, religiosa e dona de uma voz inconfundível. Já trabalhou com gigantes da música na Bahia, como, Timbalada, Carlinhos Brown e Márcia Freire. Logo no seu primeiro show, no Pelourinho, em 1996, foi lançada para a carreira internacional.  Fez show em 20 cidades francesas, foi comparada à Edith Piaf pela crítica europeia e retornou a sua terra natal para amadurecer profissionalmente e ser reconhecida por seus conterrâneos. É com essa mulher, que o Bahia Notícias conversou sobre carreira, gostos e reconhecimento. Ela é Mariene de Castro, soteropolitana apaixonada por música e dança, hoje é conhecida por uma das mais belas vozes da nova geração do samba baiano. Com apresentações que levam para o palco uma mistura de fé e valorização das matrizes regionais, a artista lançou este ano o seu primeiro DVD, Santo de Casa, gravado na Sala Principal do Teatro Castro Alves.  Recentemente Mariene compôs uma canção em parceria com o sambista Nelson Rufino, intitulada "A Força do Gantois", uma homenagem a Mãe Carmem do Terreiro do Gantois. A cantora ainda se apresenta até o final do mês de Julho no Atlântico Hall, proporcionando um belo espetáculo de samba, porém, recheado de fé.

Por James Martins 


Bahia Notícias - Seu show se chama 'Santo de Casa'. Baseado nisso, qual a contribuição que você considera já ter dado, até aqui, à música baiana?


Mariene de Castro - Estou fazendo a minha parte dentro do que acredito. Como mulher, nordestina, cidadã brasileira que entende a importância da história de um povo para sua evolução e consciência do valor da nossa música.


BN - Dizem que você é uma cópia de Clara Nunes tanto quanto Juliana Ribeiro é uma cópia sua. Procede?


MC - Não. Isso é uma saudade que o Brasil tem de uma brasileira que se autoafirmou afrodescendente, cantando a Bahia pela primeira vez, assumindo a sua ancestralidade. Esse jeito de cantar vestida de baiana fez o negro se orgulhar depois de tantos anos de escravidão. Ela foi a primeira mulher a usar colares de conta no pescoço e dizer: “Se vocês querem saber quem eu sou, eu sou a tal mineira, filha de Angola, de Keto e nagô, não sou de brincadeira”. Isso é assumir todo negro que existia dentro do Brasil; alforriado, massacrado, esmagado, excluído. Essa saudade que Clara deixou no país tem relação com a mesma essência do que eu venho falando, do que eu sou, da minha história, do meu povo. Sendo agora uma baiana falando de si. Eu trago da Bahia toda a baianidade, no sentido da cultura, do botar torço na cabeça, de usar pulseiras, que vem da minha religião, de ser uma filha de santo, de ser adepta do candomblé, tudo isso está na minha vida.





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