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quinta-feira, 24 de março de 2011

'Na veia'   Antônio Carlos Miguel    14/08/2009

Prestes a completar 60 anos, Simone volta com novo CD


Houve um tempo, nos anos 1970, em que a jovem Simone disputava prestígio com as grandes cantoras da MPB reveladas na década anterior, gente como Elis, Gal, Bethânia, Clara Nunes... Houve um tempo, a partir dos anos 1980, em que Simone trocou prestígio e qualidade por sucesso comercial, virando uma recordista em vendas.
A grosso modo, assim têm sido resumidas as duas primeiras décadas da carreira de Simone Bittencourt de Oliveira, que, agora, encaminhando-se para os 60 anos (ela nasceu em Salvador, numa noite de Natal, em 1949) com os mesmos corpão e cara de sempre, não dá a mínima bola para tal visão maniqueísta. A entrevista, no Copacabana Palace, é sobre seu novo disco, "Na veia" (Biscoito Fino), mas o passado a persegue.
- Isso é injusto. Na fase dos anos 80, que muitos chamam de brega por ter mais baladas, ao mesmo tempo em que gravei uma música de Sullivan e Massadas e duas de José Augusto, também gravei com Tom Jobim em Nova York, e disso ninguém se lembra - retruca.
A caixa "O canto da Cigarra nos anos 70", reunindo 11 discos gravados entre 1973 e 1980 na então Odeon, editada no início deste ano pela EMI, traz argumentos de sobra para reforçar a tese que abre esse texto, mas a cantora pondera, e meio que concorda.

- Nos anos 70 era outra música. Você chegava na Odeon e via Paulo César Pinheiro mostrando uma canção para Maurício Tapajós. Depois, encontrava com Clara, Paulinho (da Viola), Milton (Nascimento), Djavan... A partir dos 80, fomos muito influenciados pelo novos padrões de produção, mas sempre escolhi meu repertório, nunca sofri pressão - garante.

Mais recentemente, discos como os que dividiu com Ivan Lins ("Baiana da gema", 2004) e Zélia Duncan ("Amigo é casa", 2008) mostraram que a cantora continuava em forma. Mas para muitos ela ficou como um símbolo dos excessos da hoje falida indústria do disco, devido à Mercedes-Benz branca que ganhou no início dos 1980 como luvas de sua gravadora; enquanto outros até hoje cobram seu apoio a Fernando Collor na eleição presidencial de 1989.
- A Mercedes foi um adiantamento que recebi da gravadora, dinheiro que foi descontado das vendas de meus discos. Na verdade, é uma conta que nunca bate, devemos mais e mais. Sempre gostei de carro e muita gente tinha Mercedes, mas só falavam da minha - diz Simone, que também justifica seu voto. - Hoje, eu sorrio ao vê-los se abraçando, Collor, Lula, Sarney juntos... Eu não sabia quem era Collor e também me decepcionei. O meu problema é que, na época, declarei meu voto, e deveria ter ficado quieta. Já conversei com meu analista sobre isso, da burrice que é falar abertamente, mas sempre botei minha cara a tapa.

" Hoje, eu sorrio ao vê-los se abraçando, Collor, Lula, Sarney juntos... Eu não sabia quem era Collor e também me decepcionei. O meu problema é que, na época, declarei meu voto, e deveria ter ficado quieta "

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